Tomás responde: Havia necessidade de Cristo ressuscitar?

Rafael Sanzio – Ressurreição de Cristo ou Ressurreição Kinnaird
Óleo sobre madeira, 52 X 44 cm, 1499-1502
Acervo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – MASP

Parece que não era necessário ter Cristo ressuscitado:

1. Na verdade, diz Damasceno: “A ressurreição é o levantar-se por segunda vez de um animal, que se decompôs e que caiu”. Ora, Cristo não caiu pelo pecado nem seu corpo se decompôs. Logo, não lhe convinha propriamente ressurgir.

2. Além do mais, quem ressurge é alçado a uma situação mais elevada, porque levantar-se significa mover-se para cima. Ora, o corpo de Cristo, depois da morte, ficou unido à divindade e, assim, não pôde ser alçado a uma situação mais elevada. Logo, não lhe competia ressurgir.

3. Ademais, tudo o que se passou com a humanidade de Cristo ordena-se à nossa salvação. Ora, para a nossa salvação bastava a paixão de Cristo, pela qual ficamos livres da pena e da culpa. Logo, não foi necessário que Cristo ressurgisse dos mortos.

EM SENTIDO CONTRÁRIO, diz o Evangelho de Lucas: “Era preciso que Cristo sofresse e ressuscitasse dos mortos” (24, 46).

RESPONDO. Por cinco motivos houve necessidade de Cristo ressurgir:

Primeiro, para louvor da divina justiça, à qual é próprio exaltar aqueles que se humilham por causa de Deus, conforme o que diz Lucas: “Precipitou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes” (1, 52). E uma vez que Cristo, por causa do amor e da obediência a Deus, se rebaixou até a morte de cruz, convinha que fosse exaltado por Deus até a gloriosa ressurreição. Por isso, representando-o, diz o Salmo 138, com o comentário da Glosa: “Senhor, tu me conheces”, isto é, aprovaste, “o meu cair”, isto é, minha humilhação e paixão, “e a minha ressurreição” (v. 2), isto é, minha glorificação na ressurreição.

Segundo, para instrução da nossa fé. É que pela ressurreição dele foi confirmada nossa fé sobre a divindade de Cristo, pois, como diz a segunda Carta aos Coríntios: “Foi crucificado pela nossa fraqueza, mas está vivo pelo poder de Deus” (13, 4), e, por isso, diz em outra Carta: “Se Cristo não ressuscitou, a nossa pregação é vazia, e vazia também a vossa fé” (I Cor 15, 14). E diz o Salmo 29: “Que utilidade haverá em meu sangue”, isto é, com a efusão de meu sangue, “e em minha descida”, isto é, como que por diversos degraus do mal, “à corrupção?” (v. 10), como se dissesse: nada. Pois se não ressurgir logo e meu corpo se corromper, não pregarei a ninguém, e não ganharei ninguém como explica a Glosa.

Terceiro, para levantar nossa esperança, pois, ao vermos Cristo, nossa cabeça, ressuscitar, temos esperança de que também nós ressuscitaremos. Por isso, diz a primeira Carta aos Coríntios: “Se se proclama que Cristo ressuscitou dos mortos, como é que alguns dentre vós dizem que não há ressurreição dos mortos?” (15, 12). E o livro de Jó: “Mas eu sei”, isto é, pela certeza da fé, “que meu redentor’, isto é, Cristo, “está vivo’, isto é, tendo ressuscitado dos mortos, e, por isso, “no último dia se erguerá da terra; esta minha esperança depositada em meu peito” (19, 25-27).

Quarto, para dar forma à vida dos fiéis, segundo o que diz a Carta aos Romanos: “Assim como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, também nós levemos uma vida nova” (6, 4). E mais abaixo diz: “Ressuscitado de entre os mortos, Cristo não morre mais; do mesmo modo também vós: considerai que estais mortos para o pecado e vivos para Deus” (v. 9, 11).

Quinto, para aperfeiçoamento de nossa salvação. Assim como, por esse motivo, suportou incômodos morrendo, para nos livrar dos males, também foi glorificado ressurgindo, para nos fazer avançar no bem, segundo o que diz a Carta aos Romanos: “Entregue por nossas faltas e ressuscitado para nossa justificação” (4, 25).

Quanto às objeções iniciais, portanto, deve-se dizer que:

1. Embora Cristo não tenha caído pelo pecado, caiu pela morte, pois como o pecado é a ruína da justiça, assim a morte é a ruína da vida. Por isso, podemos entender que representam palavras de Cristo o que diz o profeta Miquéias: “Não rias de mim, minha inimiga, porque caí. Eu me levantarei” (7, 8).

Igualmente, embora o corpo de Cristo não tenha se desintegrado e virado pó, a separação mesma da alma e do corpo foi, de certo modo, uma desintegração.

2. Pela união pessoal, a divindade estava unida à carne de Cristo, depois de sua morte; mas não pela união da natureza, como a alma se une ao corpo como sua forma, para constituir a natureza humana. Portanto, pelo fato de seu corpo estar unido à alma, foi alçado a uma situação mais alta da natureza, mas não a uma mais alta situação pessoal.

3. A paixão de Cristo operou a nossa salvação, propriamente falando, pela remoção dos males, e a ressurreição, como o início e o modelo de todas as coisas boas.

Fonte: ST III, 53, 1

2 Responses to Tomás responde: Havia necessidade de Cristo ressuscitar?

  1. Pensamento Claro says:

    “Se você ainda não sabe ou tem dúvidas sobre o seu destino após a morte, está sendo iludido por alguma religião.”
    E se você acha que sabe, você é delirante, iludido por uma religião.

    “lago de enxofre e fogo é um lugar preparado para o diabo, demônios imundos, anjos caídos e para as pessoas que não se decidirem pela salvação dada por Deus através de Cristo.”

    Coitado dos Judeus, budistas, Wiccans… Vão todos queimar no inferno. É isso?

  2. Edmar Silveira says:

    E VOCÊ, JÁ SABE PARA ONDE VAI?
    Eu tenho certeza absoluta do meu destino eterno. E você? Se você ainda não sabe ou tem dúvidas sobre o seu destino após a morte, está sendo iludido por alguma religião. É você quem traça o seu próprio destino. É o livre-arbítrio. Entenda que a morte física é a separação do homem exterior (corpo) do homem interior (espírito e alma). O lugar de todos os corpos humanos após a morte é a sepultura (Qeber). O corpo vai se degenerar na cova de um lugar visível: O cemitério. Mas e você, espírito (pessoa interior) e alma (mente, vontade, emoções, intelecto, lembranças), para onde você vai? Enquanto há vida no seu corpo, é de vital importância você mesmo produzir o seu destino eterno. Você escolhe se vai subir para o céu (paraíso) levado por anjos, ou escolhe se vai descer para as partes mais inferiores da terra (Sheol), forçado por demônios. É uma decisão unicamente sua. Se por acaso você não se decidir, ou não der tempo, ou se você não acreditar, ou se ainda permanecer em dúvida e você morrer numa destas condições, você (espírito e alma), descerá para as partes mais inferiores da terra (Sheol). Porque a incredulidade e a dúvida não provêm da Fé. E tudo que não provém da Fé é iniqüidade. O Sheol é o lugar temporário de sofrimento dos iníquos. É como a cadeia de uma Delegacia Policial onde o preso em flagrante permanece até ser levado ao presídio para cumprir a pena definitiva. O Sheol é a morada dos espíritos e almas das pessoas que rejeitam a salvação. Elas estão vivas nesse exato momento (espírito), em estado de sã consciência (alma). É um lugar de ira, agonia e fogo. Um lugar escondido do homem, mas patente aos olhos de Deus. Um lugar de conversa. Um lugar onde célebres abastados e poderosos homens reconhecem sua derrota. Há também humildes, religiosos e milhares de pessoas de boas obras. Lá eles descobrem a necessidade de salvação. Eles imploram por misericórdia, pede que lhes seja dado pelo menos uma gota de água para molhar a língua e bradam por um meio de alertar seus entes queridos para que não cheguem até lá. No final do milênio, todos os que estão no Sheol e no Paraíso ressuscitarão em novos corpos. Mas somente os que estiverem no Sheol serão julgados, condenados e lançados definitivamente no inferno (Geena), o lago de enxofre e fogo. O nome deles não foi achado inscrito no Livro da Vida. Esta é a segunda morte, da qual não há ressurreição ou retorno. É a separação eterna de Deus. É a mais terrível escolha que alguém pode fazer na vida. O lago de enxofre e fogo é um lugar preparado para o diabo, demônios imundos, anjos caídos e para as pessoas que não se decidirem pela salvação dada por Deus através de Cristo. Decida-se enquanto ainda é tempo. – Edmar Silveira.

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