Chesterton X Nietzsche (legendado)

“Nietzsche, como todos sabem, pregou uma doutrina que ele e seus seguidores aparentemente consideravam muito revolucionária; sustentaram que a moral altruísta simplesmente havia sido uma invenção de uma classe escrava para evitar que, em tempos posteriores, alguém surgisse para combatê-la e dominá-la. Os modernos, concordando ou não com Nietzsche, sempre se referem a essa idéia como algo novo e jamais visto. Com tranqüilidade e insistência, se supõe que os grandes escritores, digamos Shakespeare, por exemplo, não sustentou essa idéia porque jamais havia pensado nela. Recorramos ao último ato de Ricardo III de Shakespeare e encontraremos não só tudo o que Nietzsche tinha a dizer, resumido em duas linhas, mas também as mesmas palavras de Nietzsche. Ricardo o corcunda, disse:

Consciência é só uma palavra que usam os covardes,

Criada, a princípio, para infundir terror aos fortes.

 Como já falei, o fato é evidente. Shakespeare havia pensado na idéia de Nietzsche e na Moralidade Suprema; porém o deu seu próprio valor e pôs no lugar que lhe corresponde. Este lugar é a boca de um corcunda meio louco nas vésperas da derrota. Essa raiva contra os debilitados só é possível em um homem morbidamente admirável, mas profundamente enfermo; um homem como Ricardo; um homem como Nietzsche. Este caso deveria destruir a fantasia absurda de que estas filosofias modernas são modernas no sentido de que os grandes homens do passado não pensaram nelas. Não é que Shakespeare não tenha visto a idéia de Nietzsche; ela a viu, porém viu além dela.”

G. K. Chesterton, The Common Man

[OFF] O niilismo (Final) – As máscaras do niilismo

Hieronymus Bosch, A Nau dos Loucos, Museu do Louvre, Paris

De fato, é justamente aquele niilismo que Nietzsche chama de niilismo incompleto que domina a todos hoje, repleto de obscuras ameaças e perigos.

Nietzsche diz ainda: “Ao valor do que permanece eternamente igual a si mesmo […] contrapõe-se o valor do que é mais breve e fugaz, o sedutor brilho dourado no ventre da serpente vida”.

Esses valores breves e fugazes parecidos com o sedutor brilho dourado no ventre da serpente vida são aqueles ligados à vontade de potência, e portanto constituem os antigos valores transvalorados segundo a doutrina nietzscheniana; mas em nada diferem dos disfarces niilistas dos antigos valores substituídos por novas máscaras multicoloridas, os quais, bem mais do que com o fugaz brilho dourado no ventre da serpente vida, se apresentam como as sereias que encantam, e que, vangloriando-se de ser portadores de salvação ou pelo menos de segurança, representam o perigo de arrastar de forma irreversível para o abismo do nada.

As causas profundas dos males do homem de hoje são justamente esses disfarces niilistas dos valores supremos que caíram (como tais) no esquecimento.

A meu ver, tais males e os vários disfarces niilistas dos valores perdidos a eles vinculados podem ser resumidos nos dez itens apresentados a seguir:

1) o cientificismo e o redimensionamento da razão do homem em sentido tecnológico;

2) o ideologismo absolutizado e o esquecimento do ideal do verdadeiro;

3) o praxismo, com sua exaltação da ação pela ação e o esquecimento do ideal da contemplação;

4) a proclamação do bem-estar material como sucedâneo da felicidade;

5) a difusão da Leia mais deste post

[OFF] O niilismo (VII) – O estado intermediário: o niilismo incompleto

Francisco de Goya (1746-1828), O Manicômio

Entre o estado caracterizado pela destruição dos valores supremos tradicionais e a transvaloração completa desses valores há, porém, um estado intermediário. Nos Fragmentos póstumos lemos: “Os supremos valores, para servir os quais o homem deveria viver, sobretudo quando o dominassem de forma muito pesada e excessiva: estes valores sociais foram edificados, com a finalidade de reforçar sua influência, sobre o homem, quase como se fossem mandamentos de Deus, como ‘realidade’, como mundo ‘verdadeiro’, como esperança e mundo futuro. Agora que a origem mesquinha de tais valores se evidencia, o universo nos parece desprovido de valor, ‘desprovido de sentido’… mas este é apenas um estado intermediário”.

Ora, esse estado intermediário pode dar origem (e aliás origem de maneira evidente) a um niilismo incompleto, que procura subtrair-se às consequências do próprio niilismo, com vários disfarces dos valores supremos, que vão do saber científico à práxis social, com uma série de matizes.

Nietzsche escreve: “Proposição principal. Em que sentido o perfeito niilismo é a consequência necessária dos ideais alimentados até agora. – O niilismo incompleto, suas formas: nós vivemos no meio dele. – As tentativas de fugir do niilismo sem transvalorar esses valores: produzem o contrário, agudizam o problema.

E ainda, dizendo um de seus categóricos “não” aos disfarces dos antigos valores, afirma: “Meu reconhecimento e minha identificação do ideal tradicional, o cristão, mesmo lá onde se eliminou a forma dogmática do cristianismo. O perigo do ideal cristão esconde-se em seus sentimentos de valor, naquilo que pode prescindir da expressão conceptual: minha luta contra o cristianismo latente (por exemplo na música, no socialismo)”.

O sentido da menção ao socialismo é claro; a música refere-se sobretudo ao Parsifal de Wagner, que repropõe o mistério da Páscoa.

Uma confirmação feita por Heidegger

Esse ponto também foi bem compreendido e esclarecido por Heidegger: “Se Deus, no sentido do Deus cristão, abandonou seu lugar no mundo supra-sensível, o lugar ainda existe, mesmo se vazio. Esta região vazia do mundo supra-sensível e do mundo ideal pode ser mantida. Ela requer então um novo ocupante e a substituição do Leia mais deste post

[OFF] O niilismo (VI): O niilismo levado às últimas consequências

Pieter Bruegel o velho, Torre de Babel (1563), Viena, Áustria

Diante de passagens como as acima citadas, convém perguntar se Nietzsche realmente inverteu os valores com algum saldo positivo, ou se, ao contrário, a posição que ele assumiu não passa de um niilismo destrutivo levado às últimas consequências.

Heidegger deu respostas exemplares, as quais se impõem mesmo quando desvinculadas das posições teóricas que em grande medida as sustentam.

Recordo aqui as três passagens mais significativas a esse respeito.

No primeiro Heidegger, esclarece-se o seguinte: “Não obstante toda derrubada e inversão da metafísica, Nietzsche não se desvia de seu curso ininterrupto quando concebe aquilo que a vontade de potência intui para a própria conservação como o ser, o ente, ou a verdade. A verdade resume-se, então, numa condição posta pela essência da vontade de potência, e precisamente na condição de conservação de sua potência. Resumindo-se nessa condição, a verdade é um valor. Como a vontade de potência só pode querer dispondo de algo permanente, a verdade torna-se um valor necessário para a vontade de potência e fundamenta sua essência. O termo verdade não significa nem o não-ser-escondido do ente, nem a concordância do conhecer com o objeto, nem a certeza como segurança daquilo que é posto no pôr representativo. A verdade é entendida aqui – num sentido que deriva historicamente das modalidades derivadas de sua essência – como certeza da presença disponível do círculo a partir do qual a vontade de potência quer a si mesma.

No segundo Heidegger, esses esclarecimentos aprofundam-se ainda mais: “O que resta do ser? Do ser resta o nada. E se justamente aqui se revelasse a essência do niilismo, que até agora ficou escondida? Será que o verdadeiro niilismo consistirá em Leia mais deste post

[OFF] O niilismo (V): A transvaloração de todos os valores e a vontade de potência

Angelo Bronzino (1503-1572), A Loucura (detalhe), National Gallery, Londres

Nietzsche sabe muito bem que, mesmo depois da anulação completa de todos os ideais e valores considerados supremos no passado, a vida do mundo e do homem continuam. Mas é evidente que os valores são uma condição que, ao ser eliminada, torna a vida absurda.

Vejamos, em poucas palavras, quais são suas conclusões.

Os valores não se baseiam no ser e no verdadeiro, não constituem algo “em si e para si”, mas são pontos de vista, são meramente aquilo que, a partir de determinado ponto de vista, se impõe como condição de preservação e de progresso da vida.

O devir e a vida são “vontade de potência”, e os valores estão estreitamente ligados a tal “vontade de potência”, que se impõe como fonte de todos os valores “transvalorados”.

Escreve Nietzsche: “Os valores e sua variação estão relacionados com o aumento da potência de quem põe os valores; a medida de incredulidade, de uma reconhecida “liberdade do espírito” como expressão do aumento de potência; niilismo como ideal de suprema potência do espírito, de vida riquíssima: em parte destrutivo, em parte irônico”.

 A transvaloração dos valores proposta por Nietzsche comporta, pois, uma inversão dos antigos valores e um deslocamento destes da esfera da transcendência para a esfera da Leia mais deste post

[OFF] O niilismo (IV): A anulação dos valores e a perda dos ideais

William-Adolphe Bouguereau (1825-1905), Dante e Virgílio no Inferno (1850)

Algumas afirmações do próprio Nietzsche demonstram que a exegese de Heidegger não constitui apenas uma reflexão teórica da mensagem nietzschiana, mas um verdadeiro esclarecimento de caráter hermenêutico.

Num fragmento, que já recordamos aqui, Nietzsche afirma claramente que o niilismo consiste no fato de que “os valores supremos se desvalorizam”. Em outro fragmento, podemos ler: “o ideal foi até agora a força caluniadora do mundo e do homem propriamente dita, o sopro venenoso sobre a realidade, a grande sedução que leva ao nada…”.

Ainda em outro fragmento, intitulado Diário do niilista, esclarece-se plenamente o conceito de “ateísmo” no sentido de niilismo: “tudo existe, mas não há fins – o ateísmo como falta de ideais”.

E, por fim: “A mudança absoluta que ocorre com a negação de Deus – Não temos mais absolutamente nenhum Senhor acima de nós; o velho mundo dos valores é teológico – este é derrubado”.

Em suma, a afirmação “Deus está morto” é a fórmula emblemática do niilismo e significa que o mundo meta-sensível (o mundo metafísico) dos ideais e dos valores supremos, concebido como ser em si, como causa e como fim – ou seja, como aquilo que dá sentido a todas as coisas materiais, em geral, e à vida dos homens, em particular –, perdeu toda consistência e toda importância.

 [CONTINUA]

Giovanni Reale, O Saber dos Antigos – Terapia para os tempos atuais

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[OFF] O niilismo (III): A interpretação de Heidegger

Heidegger

O significado da afirmação da morte de Deus tem um alcance bem mais amplo do que o de exprimir uma forma de ateísmo comum, como Martin Heidegger demonstrou muito bem no magistral ensaio A sentença de Nietzsche “Deus está morto”.

Depois de reproduzir a primeira passagem que citamos acima, e de evocar também a segunda, justamente para explicar a menção explícita do Deus cristão, Heidegger escreve: “Essa passagem evidencia que a afirmação de Nietzsche acerca da morte de Deus refere-se ao Deus cristão. Mas também é certo, e deve ser levado em conta desde então, que as expressões ‘Deus’ e ‘Deus cristão’ são empregadas, no pensamento de Nietzsche, para indicar o mundo supra-sensível em geral. ‘Deus’ é o termo para designar o mundo das idéias e dos ideais. Desde Platão – ou melhor, desde o último período da filosofia grega e da interpretação cristã da filosofia platônica -, esse mundo do supra-sensível tem o mesmo valor que o mundo verdadeiro, o autenticamente real. Em oposição a ele, o mundo sensível é simplesmente o mundo terreno, o mundo mutável, aparente e irreal. O mundo terreno é o vale de lágrimas, em contraposição à eterna felicidade supraterrena. Se, como ainda faz Kant, entendemos o mundo sensível como mundo físico no sentido mais amplo, o mundo supra-sensível passará a ser o mundo metafísico. Assim, a expressão ‘Deus está morto’ significa que o mundo ultra-sensível não tem força real, não envolve nenhum tipo de vida. A metafísica, ou seja – para Nietzsche – a filosofia ocidental entendida como platonismo, está no fim. Nietzsche considera sua filosofia como a contracorrente da metafísica, isto é, para ele, do platonismo”.

Heidegger esclarece essa idéia numa página que é preciso reproduzir e ler tão atentamente quanto a anterior, porque chega ao núcleo do problema: “O niilismo, pensado em sua essência, é antes o movimento fundamental da história do Ocidente. Ele revela um curso tão profundamente subterrâneo, que seu desenvolvimento só poderá determinar catástrofes mundiais. O niilismo é o Leia mais deste post

[OFF] O niilismo (II): A morte de Deus

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Uma das passagens mais violentamente iconoclastas é sem dúvida a que está na obra A gaia ciência, que traz o título “O insensato”: “Nunca ouviram falar de um louco que, em pleno dia, acendeu uma lanterna, correu ao mercado e se pôs a gritar sem parar: ‘Procuro Deus! Procuro Deus!’ Como lá se encontravam muitos que não acreditavam em Deus, provocou muitas risadas. ‘Será que ele se perdeu?’, disse alguém. ‘Perdeu-se como uma criança?’, falou outro. ‘Ou será que está bem escondido? Tem medo de nós? Será que foi embora? Ou emigrou?’ – gritavam e riam em grande algazarra. O louco pulou no meio deles e traspassou-os com o olhar: ‘Para onde foi Deus?’ – bradou. – ‘Vou dizer-lhes para onde foi! Nós o matamos: vocês e eu! Nós todos somos seus assassinos! Mas como fizemos isso? Como pudemos esvaziar o mar, bebendo-o até a última gota? Quem nos deu a esponja para apagar o horizonte? Que fizemos quando desprendemos a corrente que ligava esta terra ao sol? Para onde vai agora? Para onde vamos nós? Longe de todos os sóis? Não estaremos caindo incessantemente? Para a frente, para trás, para o lado, para todos os lados? Haverá ainda um acima, um abaixo? Não estaremos errando como através de um infinito nada? Não sentiremos no rosto o sopro do vazio? Não está mais frio? Não surgem noites, cada vez mais noites? Não será preciso acender lanternas pela manhã? Não escutamos ainda o ruído dos coveiros que enterram a Deus? Não sentimos o mau cheiro da decomposição divina? Os deuses também se decompõem! Deus morreu! Deus continua morto! E nós o matamos! […] Jamais houve ação tão grandiosa e os que nascerem depois de nós pertencerão, em virtude dessa ação, a uma história mais elevada do que todas as histórias até hoje!’ Após pronunciar essas palavras, o insensato calou-se e dirigiu novamente o olhar a seus ouvintes; também eles se calavam como ele e o fitavam com espanto. Finalmente, atirou a lanterna ao chão de tal modo que se espatifou, apagando-se. ‘Venho muito cedo’ – prosseguiu -, ‘meu tempo ainda não chegou. Esse evento enorme está a caminho, aproxima-se e não chegou ainda aos ouvidos dos homens. É preciso tempo para o relâmpago e o raio, é preciso tempo para a luz dos astros, é preciso tempo para as ações, mesmo depois de concluídas, serem vistas e entendidas. […]’ Conta-se ainda que esse louco penetrou, nesse mesmo dia, em diversas igrejas e ali entoou o seu Requiem aeternam Deo. Expulso e interrogado, dizem que se limitou a responder sempre a mesma coisa: ‘De que servem Leia mais deste post

[OFF] O niilismo (I): A essência do niilismo

Mas em que consiste o niilismo?

Vejamos as respostas dadas por Nietzsche, que atingem uma clareza exemplar.

Num fragmento, sempre de 1887 (o ano crucial em que Nietzsche amadureceu essa problemática), lemos: “Niilismo: falta o fim; falta a resposta ao ‘por quê?’; o que significa niilismo? – que os valores supremos se desvalorizam”.

Os pressupostos do niilismo são “Que não exista uma verdade; que não exista uma constituição absoluta das coisas, uma ‘coisa em si’”.

E eis um violento destaque desse conceito: “Contra a suposição de que um ‘em si das coisas’ deveria ser necessariamente bom, feliz, verdadeiro, uno, a interpretação de Schopenhauer do ‘em si’ como vontade foi um passo essencial; contudo, ele não soube divinizar essa vontade: deteve-se no ideal moral cristão. Schopenhauer ainda estava dominado a tal ponto pelos valores cristãos que era obrigado a ver a coisa em si – depois que ela deixou de significar ‘Deus’ para ele – como má, estúpida, como algo que se devia rejeitar de uma vez por todas. Ele não compreendera que pode haver infinitas formas de poder-ser-outro e até de poder-ser-Deus. Maldição daquela dualidade limitada: bem e mal”.

Explicitando os pontos básicos desses esclarecimentos, poderíamos dizer que o niilismo leva à desvalorização e à negação dos seguintes princípios:

a) princípio primeiro, Deus;

b) fim último;

c) ser;

d) bem;

e) verdade.

Segundo Nietzsche, pode-se ver o niilismo como um aspecto “de crescimento da potência do espírito”, ou seja, como “niilismo ativo”, pois tem a força destrutiva da fé nos valores que perderam sentido, embora Leia mais deste post

Chestertoninas: Joana d’Arc, Tolstoi, Nietzsche e a vaca

“E quando examino os inteligentes, admiráveis, enfadonhos e inúteis livros modernos, o título de um deles me desperta a atenção. Chama-se “Jeanne d’Arc“, de Anatole France. apenas lancei-lhe um olhar, mas foi o suficiente para que me viesse à mente a “Vie de Jésus“, de Renan. Tem o mesmo estranho método do cético reverente. Lança o descrédito sobre histórias sobrenaturais que não têm fundamento algum. Pelo fato de não podermos acreditar no que um santo fez, havemos de ter a pretensão de saber, exatamente, aquilo que ele sentiu. Não menciono, porém, qualquer destes livros com o objetivo de criticá-los, mas, simplesmente, porque a acidental combinação de nomes evocou em mim duas impressionantes imagens de saúde moral, que fizeram voar, em estilhaços, todos os livros que se encontravam diante de mim. Joana d’Arc nunca ficou imobilizada diante de uma encruzilhada, quer rejeitando todos os caminhos, como Tolstoi, quer aceitando-os todos, como Nietzsche; soube escolher um caminho e percorreu-o como um raio. E, quando me pus a meditar sobre ela, verifiquei que reunia em si tudo o que era verdadeiro, tanto em Tolstoi como em Nietzsche, e até aquilo que em qualquer deles era tolerável. Pensei em tudo o que se pode considerar nobre em Tostoi: o prazer das coisas simples, especialmente da piedade humilde, as atualidades da terra, a reverência para com os pobres, a dignidade do respeito. Joana d’Arc tinha todas estas coisas, e ademais, sofria a pobreza ao mesmo tempo em que a admirava, enquanto que Tolstoi era apenas um típico aristocrata que procurava adivinhar o segredo da mesma pobreza. Pensei, depois, em tudo o que há de heróico, de orgulhoso e de patético no nobre Nietzsche, bem como na sua rebeldia contra o vazio e a timidez dos nossos dias. Pensei no seu clamor em prol do equilíbrio estático do perigo, no seu desejo ardente da corrida dos grandes cavalos e no seu clamor às armas. Bem, Joana d’Arc tinha tudo isso, com a diferença de que não se limitou a admirar a luta, mas soube, também, lutar. Sabemos que ela não tinha medo de um exército, enquanto que Nietzsche, ao que parece, tinha medo de uma vaca.”

G. K. Chesterton, Ortodoxia

Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, Filosofia

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