Tomás responde: As crianças alcançam no batismo a graça e as virtudes?
14 dezembro, 2011 2 Comentários
Parece que as crianças não alcançam no batismo a graça e as virtudes:
1. Com efeito, não há graça e virtudes sem fé e caridade. Ora, “a fé”, diz Agostinho, “reside na vontade de quem crê”. Semelhantemente a caridade reside na vontade de quem ama. As crianças não têm o uso de sua vontade e assim não têm nem fé nem caridade. Logo, as crianças não recebem no batismo a graça e as virtudes.
2. Além disso, sobre o texto do Evangelho de João “Fará até obras maiores”, diz Agostinho que, para que alguém, sendo ímpio, se torne justo, “Cristo age nele, mas não sem ele”. Ora, a criança, não tendo o uso do livre-arbítrio, não coopera com Cristo para sua justificação e às vezes até resiste, quanto está em seu poder. Logo, não é justificada pela graça e pelas virtudes.
3. Ademais, diz Paulo: “Para aquele que não realiza obras, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé é levada em conta de justiça, segundo o propósito da graça de Deus”. Ora, a criança não “crê naquele que justifica o ímpio”. Logo, não alcança nem a graça da justificação nem as virtudes.
4. Ademais, o que se faz por intenção carnal, não tem efeito espiritual. Ora, às vezes as crianças são levadas ao batismo por intenção carnal, por exemplo: para que se curem corporalmente. Logo, não alcançam o efeito espiritual da graça e das virtudes.
EM SENTIDO CONTRÁRIO, ensina Agostinho: “Renascendo as crianças morrem àquele pecado que contraíram nascendo. Por isso, vale delas o que diz Paulo: “Pelo batismo nós fomos sepultados com ele na sua morte” – e acrescenta: ‘a fim de que, assim como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, também nós levemos uma vida nova’”. Ora, a vida nova é a vida da graça e das virtudes. Logo, as crianças no batismo alcançam a graça e as virtudes.
Alguns autores antigos defenderam que o batismo não dá às crianças a graça e as virtudes, mas imprime-lhes o caráter de Cristo, por cuja força, quando chegam à idade perfeita, alcançam a graça e as virtudes.
Mas isso é evidentemente falso por dois motivos. Primeiro, porque, como os adultos, as crianças no batismo se tornam membros de Cristo. Segue-se que necessariamente recebem da cabeça o influxo da graça e das virtudes. Segundo, porque nesse caso as crianças que morrem depois do batismo, não chegariam à vida eterna, já que, como diz Paulo, “a graça de Deus é a vida eterna”. E assim terem sido batizadas não lhes teria adiantado nada para a salvação.
A causa do erro foi não terem sabido distinguir entre hábito e ato. Reconhecendo as crianças incapazes de atos de virtude, acreditaram que depois do batismo não tinham a virtude de nenhuma maneira. Mas essa impotência para atuar não ocorre nas crianças por falta dos hábitos, mas por um impedimento corporal, como também quem está dormindo, embora tenha o hábito das virtudes, está contudo impedido pelo sono de Leia mais deste post
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