Tomás responde: Deve-se louvar a Deus oralmente?

Diego_Velázquez_Tentacao_Sto_TomasDiego Velázquez (1599-1660), Tentação de Santo Tomás de Aquino (1632)

Parece que Deus não deve ser louvado oralmente:

1. Com efeito, diz o Filósofo: “Não é o louvor que merecem os melhores, mas coisas maiores e melhores”. Ora, Deus está sobre tudo o que é melhor. Logo, a Deus não se deve o louvor, mas algo maior. Por isso, o livro do Eclesiástico diz: “Deus está acima de todo louvor” (43,33).

2. Além disso, sendo ato de religião, o louvor pertence ao culto divino. Ora, presta-se mais culto a Deus pelo espírito do que pelos lábios; por isso, o Senhor aplica o texto do livro de Isaías contra alguns: “Este povo me louva pelos lábios, mas o coração está longe de mim” (Mt 15, 7-8). Logo, o louvor de Deus deve ser mais do coração que dos lábios.

3. Ademais, os homens louvam-se oralmente para se estimularem a ser melhores: o louvor aos maus leva-os a serem mais soberbos; o louvor aos bons provoca-os a serem melhores. Lê-se, no livro dos Provérbios: “Como a prata é provada no crisol, assim os homens, pelos lábios daqueles que os louvam” (27, 21). Ora, Deus não é estimulado pelas palavras dos homens a coisas melhores, por se imutável e por ser o Sumo Bem, nada lhe poderá ser acrescido. Logo, Deus não deve ser louvado pelos lábios.

EM SENTIDO CONTRÁRIO, diz o Salmista: “Minha boca louvará com lábios jubilosos” (62, 6).

Tomas_RespondoUsamos das palavras para Deus e para os homens por razões diferentes. Delas usamos para os homens a fim de transmitir-lhes os nossos pensamentos, pois não podem conhecê-los. Assim, para os homens usamos dos louvores das nossas bocas, para que quem é louvado saiba, e os outros também, a boa opinião que dele temos, para que aquele que é louvado seja estimulado a melhorar, e também os que venham a conhecer esses louvores sejam levados a terem dele boa opinião, a reverenciá-lo e a imitá-lo.

Para Deus, porém, que penetra nos corações, usamos das palavras, não para manifestar-Lhe os nossos pensamentos, mas para que nós mesmos e aqueles que nos ouvem, sejamos induzidos a reverenciar a Deus. Por isso, o louvor oral é necessário, não por causa de Deus, mas por causa dos que louvam, cuja afeição para Deus aumenta pelo louvor. A respeito, diz o Salmista: “O sacrifício de louvor me dá glória e aí está o caminho pelo qual mostrarei a salvação de Deus” (49, 23). Na medida em que pelo louvor divino o coração do homem se eleva a Deus, afasta-se de tudo o que lhe é contrário, segundo o livro de Isaías: “Com o meu louvor pôr-te-ei um freio para que não pereças” (48, 9). O louvor oral induz também os outros a terem mais afeição a Deus. Diz a respeito o Salmista: “Sempre tenho o teu louvor nos meus lábios” (33,2) e “Ouçam os mansos, se alegrem, e comigo magnifiquem a Deus” (vv. 3-4).

Quanto às objeções iniciais, portanto, deve-se dizer que:

1. De dois modos podemos falar de Deus: de um modo, quanto à sua essência, que é incompreensível, inefável e, por isso, está acima de todo louvor. Segundo esta consideração, a Deus se deve reverência e o culto de latria. Comentando um salmo, escreve Jerônimo quanto à reverência: “Diante de ti, ó meu Deus, cale-se todo louvor”, e, quanto ao culto de latria: “Que sejam cumpridas as promessas a ti feitas”. De outro modo, quanto aos seus efeitos, que se ordenem ao nosso bem. Sob esse aspecto, deve Deus ser louvado. Donde dizer Isaías: “Lembrarei as misericórdias do Senhor, e o louvarei por tudo que ele nos fez” (63, 7). E Dionísio: “Considerai que todo hino santo dos Teólogos (isto é, o louvor divino) aplica a Deus nomes distintos ao manifestar e louvar os benefícios da tearquia, isto é, da divindade”. Leia mais deste post

Introdução à Oração (ou: Para não cair em “esquizofrenia mental”, “perturbações psíquicas” e “aberrações morais”)

santa teresa de ávila

Teresa de Ávila (1615),

Peter Paul Rubens (Flamengo, 1577–1640)

Carta aos bispos da Igreja Católica acerca de alguns aspectos da meditação cristã, 1989

Congregação para a Doutrina da Fé (prefeito: Joseph Cardeal Ratzinger)

[Excertos]

… É à Igreja que a oração de Jesus é entregue («assim vós deveis rezar», Mt. 6, 9), e por isso a oração cristã, mesmo quando se realiza em solidão, possui na realidade o seu ser no interior daquela «comunhão dos santos», na qual e com a qual se reza, tanto em forma pública e litúrgica como em forma privada.

… Contra o extravio da pseudo-gnose, os Padres afirmam que a matéria foi criada por Deus e por isso não é má. Além disso, asseveram que a graça, cujo manancial é sempre o Espírito Santo, não é um bem próprio da alma, mas deve ser obtida de Deus como dom. Por isso, a iluminação ou conhecimento superior do Espírito («gnose») não torna supérflua a fé cristã. Por último, para os Santos Padres, o sinal autêntico dum conhecimento superior, fruto da oração, é sempre a caridade cristã.

… Com a atual difusão dos métodos orientais de oração no mundo cristão e nas comunidades eclesiais, encontramo-nos de frente a um acentuado renovar-se da tentativa, não isenta de riscos e erros, de fundir a meditação cristã com a não cristã. As propostas nesta direção são numerosas e mais ou menos radicais: algumas utilizam os métodos orientais somente com a finalidade duma preparação psicofísica em vista duma contemplação realmente cristã; outras vão mais além e procuram produzir, com técnicas diversas, experiências espirituais análogas àquelas de que se fala nos escritos de certos místicos católicos; outras ainda não receiam colocar o absoluto sem imagens e conceitos, próprio da teoria budista, no mesmo plano da majestade de Deus revelada em Cristo, a qual transcende toda a realidade finita. Nesse sentido, servem-se duma espécie de «teologia negativa» que supera qualquer afirmação dotada de conteúdo a propósito de Deus, negando que as coisas do mundo possam ser vistas como um vestígio que reenvia para a sua Infinidade. Por esta razão, propõem que se abandone não somente a meditação das obras salvadoras realizadas na história pelo Deus da Antiga e da Nova Aliança, mas também a ideia mesma de Deus Uno e Trino, que é amor, em favor duma imersão «no abismo indeterminado da divindade».

… Para encontrar a reta «via» da oração, o cristão deverá ter presente o que se disse precedentemente a propósito dos traços salientes da via de Cristo, cujo «alimento é fazer a vontade d’Aquele que O enviou e consumar a sua obra» (Jo 4, 34). Jesus não vive uma Leia mais deste post

Padre Paulo Ricardo e Santo Tomás: por que rezar?

.

São Domingos e o Terço

Lucas Valdés (1661-1725), A Virgem do Rosário, São Domingos e Santa Catarina de Sena, Museu de Sevilha

A oração mais forte para vencer os inimigos da fé

Por padre Hernán Jiménez, O.P.

ROMA, quinta-feira, 31 de maio de 2012 (ZENIT.org) – São Domingos promoveu e popularizou a oração do Terço, como louvor à Santíssima Virgem Maria. A oração do Terço é um convite para meditar os mistérios de Cristo, na companhia de Nossa Senhora, que foi associada de forma especial à Encarnação, Paixão e Ressurreição do seu Filho.

São Domingos, que era um homem de grande oração, dedicava muito tempo para o seu encontro pessoal com Jesus e estudava a sua pessoa com grande dedicação. Era dotado de uma sensibilidade espiritual sutil que não passou despercebida pelos seus irmãos. Na verdade, foram justamente eles que conservaram os seus “Modos de Oração”.

Segundo uma lenda, Nossa Senhora ensinou São Domingos a rezar o Terço, porque é uma oração muito forte para vencer os inimigos da fé. Graças a esta oração muitos pecadores se converteram e se convertem ainda hoje à fé católica e a recitam para interceder e obter tantas graças.

São Domingos nos lembra que no coração da Igreja deve arder o fogo missionário que empurra inexoravelmente a transmitir o Evangelho, onde ele seja necessário: Cristo é o bem mais precioso e valioso, que cada homem e mulher de todos os tempos tem o direito de conhecer e amar. Na iconografia, a São Domingos se associaram vários símbolos, entre os quais o Santo Terço que era uma grande ajuda na sua pregação.

Nossa Senhora gosta muito da oração do Terço porque é a oração dos simples, dos humildes, mas que pode Leia mais deste post

Fragmentos: A oração, intérprete da esperança

Embora [Deus] por sua disposição providencial vele sobre toda a criação, ele tem um cuidado particular das criaturas racionais, revestidas da dignidade de ser sua imagem, que podem chegar até ele pelo conhecimento e pelo amor no senhorio de seus atos, tendo a livre escolha do bem e do mal. Regenerados pelo batismo, os homens têm uma esperança mais elevada, a de obter de Deus a herança eterna. … Pelo Espírito de adoção que recebemos podemos dizer “Abbá, Pai” (Rm 8,15), e para nos mostrar que era necessário orar nesta esperança o Senhor começou sua oração pela palavra “Pai”. Essa simples palavra prepara o coração do homem para orar com sinceridade para obter o que ele espera, porque os filhos devem se conduzir como imitadores de seus pais. Quem, pois, confessa a Deus como seu Pai deve se esforçar por viver como imitador de Deus, evitando tudo o que torna dessemelhante a Deus e praticando tudo o que nos assemelha a Deus.

Compendium theol. II 4

Dado que a ordem da Providência divina atribui a cada ser uma maneira de chegar a seu fim segundo a sua natureza, o homem também recebeu uma maneira própria de obter de Deus o que ele espera dele de acordo com o curso habitual da condição humana. Pertence à condição humana pedir para obter de um outro, e sobretudo de um superior, o que se espera dele. É assim que a oração foi prescrita aos homens por Deus para receber dele o que eles esperam. [Não certamente para fazer conhecer as nossas necessidades a Deus, mas antes para tomar consciência das nossas. A oração cristã te, entretanto, uma particularidade:] Quando se trata da oração a um homem, devemos ter com ele certa familiaridade para estar autorizado a nos dirigir a ele. A oração a Deus, ao contrário, nos faz penetrar em sua intimidade; quando o adoramos em espírito e em verdade, nosso espírito se eleva até ele e entra com ele num colóquio de afeto espiritual. Orando assim, esta intimidade afetuosa nos prepara em caminho para recomeçar a orar com mais confiança. Assim diz o Salmo (16, 6): “Eu chamei”, orando com confiança, “e tu me ouviste, ó Deus”: como se a primeira oração, tendo adquirido a intimidade divina, pudesse continuar com mais confiança. Por essa razão, a assiduidade na oração e a freqüência dos pedidos não são importunos, mas agradáveis a Deus (Lc 18, 1): “Deve-se sempre orar sem jamais se cansar”. O Senhor nos convida a  isso (Mt 7, 7): “Pedi e recebereis, procurai e encontrareis, batei e vos será aberto”. Na oração dirigida aos homens, pelo contrário, a insistência do pedido torna-se inoportuna.

Compendium theol. II 2

Tomás de Aquino, Santo Tomás, Igreja

 

Fragmentos: A comunhão dos Santos

Como num corpo natural a operação de um membro se volta para o bem de todo o corpo, acontece o mesmo no corpo espiritual que é a Igreja. E, como todos os fiéis formam um só corpo, o bem de um é comunicado ao outro. “Nós somos todos membros uns dos outros” (Rm 12, 5). Por isso, entre os artigos de fé que os apóstolos nos transmitiram existe aquele de uma comunhão de bens (communio bonorum) na Igreja; é o que se chama a comunhão dos Santos (communio sanctorum).

 

Entre os membros da Igreja, o membro principal é Cristo, porque ele é a sua cabeça. “Deus o deu por cabeça a toda a Igreja que é seu corpo” (Ef 1, 22-23). O bem de Cristo é, pois, comunicado a todos os cristãos, como a virtude da cabeça é comunicada a todos os membros; e essa comunicação se efetua pelos sacramentos da Igreja, nos quais opera a virtude da paixão de Cristo, que dá eficazmente a graça para a remissão dos pecados.

 

Deve-se ainda saber que não é somente a eficácia da paixão de Cristo que nos foi comunicada, mas também o mérito de sua vida. E todo o bem que fizeram todos os santos é comunicado àqueles que vivem na caridade porque todos são um: “Eu sou associado a todos aqueles que te temem” (Sl 118, 63). Por isso aquele que vive na caridade participa de todo o bem que se faz no mundo inteiro.

(Expositio in Symbolum, a. 10, ns. 987, 988, 997)

 

[Duas razões podem explicar a eficácia da oração por alguma outra pessoa; evidentemente deve-se querer rezar por essa pessoa, mas o que é primeiro] é a unidade da caridade, dado que todos os que vivem na caridade formam como um só corpo. Assim, o bem de um jorra sobre todos, à maneira pela qual a mão ou qualquer outro membro está a serviço do corpo inteiro. É assim que todo bem realizado por um vale para cada um daqueles que vivem na caridade, segundo a palavra do Salmo (118, 63): “Eu sou associado a todos aqueles que te temem e que guardam os teus mandamentos”.

(Quodlibet II q.7 a.2)

 

Tomás: inteligência e oração

Sasseta (Stefano di Giovanni, 1392-1450), Santo Tomás de Aquino em Oração (1430-1432), Budapest

Adaptam-se bem a São Tomás de Aquino as palavras do Evangelho que acabámos de ouvir proclamar:  “Quem portanto transgredir um só destes preceitos, mesmo mínimos [da Lei e dos Profetas], e ensinar aos homens a fazer o mesmo, será considerado mínimo no reino dos céus. Mas quem, ao contrário, os observar e os ensinar aos homens, será considerado grande no reino dos céus”.

Tomás começou de longe. O seu caminho foi longo. Sentia-se um apaixonado “filósofo cristão”:  “Por amor a ti estudei!”.

Perseguia uma consciência que, mesmo servindo-se de princípios racionais e métodos filosóficos, se abandonava às inspirações que emanam dos “dogmas”, trabalhava em contacto com eles, considerava-os hipóteses fecundas, servia-se das analogias que sugeriam e, mais do que outras coisas, sabendo que eram verdadeiras, imergia a sua mente de pensador no mistério do qual emergiam. Sabia valorizar as duas formas complementares de sabedoria: a filosófica,que se funda na capacidade que o intelecto possui, dentro dos limites que lhe são conaturais, de averiguar a realidade; e a teológica, que se funda sobre a Revelação e examina os conteúdos da fé, alcançando o mistério de Deus.

Protegia a sua inteligência, feita para a “santa verdade”. Alimentava o recolhimento interior porque, dizia, quando a inteligência trabalha intensamente, a vontade e as suas capacidades afectivas tendem para enfraquecer. Tomás fazia sua a exortação do Livro da Sabedoria: “Por isso pedi, e foi-me dada a inteligência; supliquei, e veio a mim o espírito de sabedoria” (Sb 7, 7). Rezava incessantemente, ou prostrado ou Leia mais deste post

Tomás responde: Os maus podem fazer milagres?

Fra Angelico, A Disputa de São Domingos e o Milagre do Livro (1430-1432)

Parece que os maus não podem fazer milagres:

1. Com efeito, os milagres se obtêm pela oração. Ora, a oração do pecador não merece ser ouvida, conforme dz o Evangelho de João: “Nós sabemos que Deus não ouve os pecadores” (9, 31), e no livro dos Provérbios: “Quem desvia os seus ouvidos para não ouvir a Lei, até a sua oração será execrável” (28, 9). Logo, parece que os maus não podem fazer milagres.

2. Além disso, os milagres se atribuem à fé, segundo afirma o Senhor: “Se tiverdes fé como um grão de mostarda direis a este monte: Transporta-te daqui para lá, e ele se transportará” (Mt 17, 19). Ora, “a fé sem obras é morta”, diz a Carta de Tiago (2, 20); assim ela não parece ter uma operação própria. Logo, parece que os maus, que não praticam boas obras, não podem fazer milagres.

3. Ademais, os milagres são testemunhos divinos, pois se lê na Carta aos Hebreus: “comprovando Deus o seu testemunho por meio de sinais e maravilhas e vários milagres” (2, 4). Eis por que, na Igreja, alguns são canonizados pelo testemunho dos milagres. Ora, Deus não pode ser testemunha do erro. Logo, parece que os maus não podem fazer milagres.

4. Ademais, os bons estão mais unidos a Deus que os maus. Ora, nem todos os bons fazem milagres. Logo, muito menos os maus.

EM SENTIDO CONTRÁRIO, o Apóstolo escreve na primeira Carta aos Coríntios: “Ainda que eu tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, não sou nada (13, 2). Ora, todo aquele que não tem caridade é mau; como escreve Agostinho: “É só este dom do Espírito Santo que distingue os filhos do Reino dos filhos da perdição”. Logo, parece que até os maus podem fazer milagres.

RESPONDO. Entre os milagres, há os que não são verdadeiros, mas fatos imaginários, que enganam o homem, fazendo-o ver o que não existe. Outros, são fatos reais, embora não mereçam verdadeiramente o nome de milagres, pois são produzidos por certas causas naturais. Ora, essas duas categorias de milagres podem ser feitas pelos demônios.

Os verdadeiros milagres não podem ser realizados senão pelo poder divino, pois Deus os produz para a utilidade do homem. E isto de dois modos:

Primeiro, para confirmar a verdade sagrada.

Segundo, para manifestar a santidade de alguém, que Deus quer propor como exemplo de santidade.

Ora, no primeiro caso, os milagres podem ser Leia mais deste post

Tomás responde: a oração deve ser vocal?

Rembrandt, São Tiago em Oração (1661)

Parece que a oração não deve ser vocal:

1. Com efeito, a oração dirige-se principalmente a Deus. Ora, ele conhece as palavras do coração. Logo, é inútil empregar a oração vocal.

2. Além disso, a alma do homem deve elevar-se a Deus. Ora, as palavras impedem o homem de elevar-se à contemplação de Deus, como também as demais coisas sensíveis. Logo, não se devem usar palavras na oração.

3. Ademais, a oração deverá ser feita a Deus ocultamente, segundo o Evangelho de Mateus: “Quando orares, entra no teu aposento, fecha a porta, e ora ao teu Pai em oculto” (6, 6). Ora, pela palavra a oração se torna conhecida. Logo, a oração não deve ser vocal.

EM SENTIDO CONTRÁRIO, diz o Salmista: “Pela minha palavra clamei ao Senhor, pela minha palavra supliquei ao Senhor” (Sl 141, 2).

RESPONDO. A oração é coletiva ou particular. A oração coletiva é a que é oferecida a Deus pelos ministros da Igreja em nome de todo o povo fiel. Assim sendo, é necessário que ela seja conhecida por todo o povo, em cujo nome é proferida, o que é possível pela oração vocal. Por isso, com razão foi instituído que os ministros da Igreja pronunciem essa oração também em voz elevada, para que ela possa ser ouvida por todos.

A oração particular é a que é Leia mais deste post

Tomás responde: Os santos que estão no céu oram por nós?

Fra Angelico, 1428-30, Galeria Nacional, Londres (clique para ampliar)

Parece que os santos que estão no céu não oram por nós:

1. Com efeito, o ato é mais meritório para quem o pratica do que para os outros. Ora, os santos que estão no céu não merecem para si, nem mesmo para si oram, porque já atingiram o termo. Logo, também não oram por nós.

2. Além disso, a vontade dos anjos está perfeitamente identificada com a de Deus, e eles não querem senão o que Ele quer. Ora, a vontade de Deus é sempre cumprida. Logo, seria inútil os santos orarem por nós.

3. Ademais, assim como os santos, que estão no céu, são superiores a nós, também o são as almas do purgatório, pois não podem mais pecar. Ora, as almas do purgatório não oram por elas mesmas, nós é que rezamos por elas. Logo, nem os santos que estão no céu oram por nós.

4. Ademais, se os santos do céu orassem por nós, a oração dos mais santos seria também mais eficaz. Logo, não convém pedir a intercessão dos menos santos, mas, somente a dos mais santos.

5. Ademais, a alma de Pedro não é Pedro. Portanto, se as almas dos santos orassem por nós enquanto estão separadas dos corpos, não deveríamos pedir a Pedro para orar por nós, mas à sua alma. Ora, a Igreja faz o contrário. Logo, os santos, ao menos antes da ressurreição, não oram por nós.

EM SENTIDO CONTRÁRIO, lê-se nas Escrituras: “Este é Jeremias, o profeta de Deus, que muito ora pelo povo e por toda a cidade santa” (2Mac 15, 14).

RESPONDO. Escreve Jerônimo: “Errou Vigilâncio quando escreveu que enquanto na terra vivemos, podemos orar muito uns pelos outros. Após a morte, porém, não será ouvida a oração pelos outros de ninguém, como não foram, sobretudo as dos mártires, que pediam a vingança do seu sangue”. Mas isso é falso. Quanto mais perfeitos em caridade são os santos nos céus, tanto mais oram pelos que estão na terra que podem ser auxiliados pela oração. Ademais, quanto mais estão unidos a Deus, tanto mais Leia mais deste post

Tomás responde: Deve-se orar somente a Deus?

gifindicenb_pinacoteca_nicolas_antoine_st_thomas_aquinas_fountain_of_wisdom

Será verdade que, como dizem os “evangélicos”, somente se deve rezar a Deus e que não há intervenção dos santos? Vejamos o que nos diz Santo Tomás.

Em princípio, parece haver motivos para acreditar que só a Deus se deve orar, pois:

1) A oração é ato da religião, e é sabido que somente a Deus se presta culto religioso. Logo, só a Deus de deveria orar.

2) Além disso, seria inútil orar a quem desconhece a oração feita. Ora, parece que só Deus pode conhecer a oração, e assim é porque na maioria das vezes a oração é feita por ato interior, que só Deus conhece, como escreve São Paulo: “Orarei pelo espírito, orarei pela mente” (I Cor 14,15). Santo Agostinho também escreve: “Desconhecem os mortos, até os santos, as ações dos vivos, mesmo a dos seus filhos”.

3) Ademais, dirigimos as nossas orações aos santos porque eles Leia mais deste post

%d blogueiros gostam disto: