Tomás responde: Cristo foi o primeiro a ressuscitar?
9 maio, 2017 4 Comentários
Ressurreição de Lázaro
Mosaico do século IV na igreja de Sant’Apollinare Nuovo, em Roma
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Parece que Cristo não foi o primeiro a ressuscitar:
1. Na verdade, lê-se que no Antigo Testamento algumas pessoas foram ressuscitadas por Elias e Eliseu, conforme diz a Carta aos Hebreus: “Mulheres encontraram seus mortos, pela ressurreição” (11, 35). Também Cristo, antes de sua paixão, ressuscitou três mortos. Portanto, Cristo não foi o primeiro a ressurgir.
2. Além disso, o Evangelho de Mateus narra que, entre outros milagres que ocorreram na paixão de Cristo, “os túmulos se abriram, os corpos de muitos santos já falecidos ressuscitaram” (27, 52). Portanto, Cristo não foi o primeiro a ressuscitar.
3. Ademais, assim como Cristo é, por sua ressurreição, a causa de nossa ressurreição, também é a causa, por sua graça, de nossa graça, conforme diz o Evangelho de João: “De sua plenitude todos nós recebemos” (1, 16). Ora, outros receberam a graça antes de Cristo, como todos os Patriarcas do Antigo Testamento. Logo, alguns também chegaram à ressurreição dos corpos antes de Cristo.
EM SENTIDO CONTRÁRIO, diz a primeira Carta aos Coríntios: “Cristo ressuscitou dos mortos, primícias dos que morreram” (15, 20), e comenta a Glosa: “Porque ressuscitou antes, no tempo e em sua dignidade”.
A ressurreição é um retorno da morte para a vida. De dois modos pode alguém ficar livre da morte. Primeiro, somente da morte atual, quando alguém de algum modo começa a viver, depois de ter morrido. Segundo, quando alguém se livra não apenas da morte, mas também da necessidade e, mais ainda, da possibilidade de morrer. Essa é a verdadeira e perfeita ressurreição. De fato, enquanto alguém vive sujeito à necessidade de morrer, de certo modo a morte tem domínio sobre ele, como diz a Carta aos Romanos: “O vosso corpo, sem dúvida, está destinado à morte por causa do pecado” (8, 10). E o que tem possibilidade de existir, em certo sentido já existe, ou seja, potencialmente. É claro então que a ressurreição que livra alguém apenas da morte atual é considerada uma ressurreição imperfeita.
Falando, portanto, da ressurreição perfeita, Cristo é o primeiro a ressurgir, pois, ao ressuscitar, ele foi o primeiro a chegar à vida plenamente imortal, conforme diz a Carta aos Romanos: “Ressuscitado de entre os mortos, Cristo não morre mais” (6, 9). Falando, porém, de uma ressurreição imperfeita, alguns ressuscitaram antes de Cristo, para serem uma espécie de sinal da ressurreição dele.
É clara assim a
resposta quanto à primeira objeção. Porque os que foram ressuscitados no Antigo Testamento como os ressuscitados por Cristo voltaram à vida para de novo morrer.
Quanto à segunda objeção, deve-se dizer que há duas opiniões sobre os que ressuscitaram com Cristo. Afirmam alguns que eles voltaram à vida como quem não mais haveria de morrer, pois se tivessem de morrer de novo, o tormento seria maior do que se não tivessem ressuscitado. Por essa afirmação, deve-se entender que, como afirma Jerônimo, “não ressuscitaram antes de o Senhor ter ressuscitado”. É o que diz o Evangelista: “Saindo dos túmulos, depois da sua ressurreição, eles entraram na Cidade Santa e apareceram a muitas pessoas”.
Agostinho, porém, lembrando essa opinião, diz: “Sei que alguns acham que já foi concedida aos justos, por ocasião da morte de Cristo, a mesma ressurreição que nos é prometida para o final dos tempos. Mas se eles não descansaram de novo, deixando seus corpos nos túmulos, como é que podemos entender que Cristo foi ‘primogênito dos que morreram’, quando tantos outros o teriam precedido nessa ressurreição? Se responderem que isso foi dito por antecipação, de tal modo que se entenda que os sepulcros foram abertos durante o terremoto, quando Cristo ainda pendia da cruz, mas que os corpos não ressuscitaram naquele momento, mas somente depois que ele mesmo ressuscitara, ainda resta uma dificuldade: como é que Pedro afirmava estar predito, não de David, mas de Cristo, que sua carne não veria a corrupção, argumentando que o túmulo de David estava ali no meio deles? Ou seja, ele não os convencia, na hipótese de o corpo de Davi não estar mais ali, porque mesmo que David tivesse ressuscitado logo depois de sua morte e sua carne não tivesse visto a corrupção, seu túmulo poderia, não obstante, existir ainda. Contudo, parece difícil de entender como David, cuja descendência é para Cristo motivo de louvor, não estaria entre os justos ressuscitados se a vida eterna já fora dada a todos eles. E é também difícil de entender o que a Carta aos Hebreus diz dos antigos justos: ‘Eles não deviam chegar sem nós à plena realização’, se já tivessem sido constituídos naquela incorruptibilidade da ressurreição que está prometida para o final, quando nós seremos perfeitos”.
Assim, portanto, parece que Agostinho julga que ressuscitaram para de novo morrer. E Jerônimo parece ser dessa mesma opinião quando diz: “Como Lázaro ressuscitou, também muitos corpos dos santos ressuscitaram, para demonstrar que o Senhor também ressuscitará”, embora essa afirmação pareça duvidosa num de seus sermões. As razões de Agostinho, porém, parecem muito mais convincentes.
Quanto à terceira, deve-se dizer que, assim como tudo o que aconteceu antes da chegada de Cristo foi uma preparação para Cristo, assim a graça é disposição para a glória. Portanto, tudo o que é próprio da glória, seja em relação à alma, como o perfeito gozo de Deus, quer em relação ao corpo, como a ressurreição gloriosa, convinha que primeiro acontecesse com Cristo, o autor da glória. Já a graça, convinha que estivesse primeiro nos que se dispunham para Cristo.
Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica III, q.53, a.3
Fica difícil entender o malabarismo para defender uma ideologia, Paulo também cita que “Está ordenado ao homem morrer uma só vez, e depois disso o juízo, entretanto, afirmam que Lázaro estava morto, porém , Jesus cita que a doença de Lázaro não é para a morte, então fica claro pelo menos para mim, que Lázaro tinha uma doença que não levava à morte, mas paralisava seu corpo como se estivesse morto. Em Eclesiastes, diz-se do cordão de prata, creio que no caso de Lázaro o cordão ainda estava ligado. Temos casos de pessoas que foram enterradas vivas, um caso antigo foi do ator Sérgio Cardoso, que a família nega.
Jesus não foi o primeiro a ressuscitar, mas foi o primeiro a se ressuscitar.
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