São Vicente de Paulo: “Dos padres depende o cristianismo”
9 julho, 2014 1 Comentário
São Vicente de Paulo
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Entre as finalidades marcadas aos seus filhos por Vicente de Paulo, havia ainda uma terceira. É claro que tinham de santificar-se a si mesmos e levar aos pobres a Palavra de Deus, mas importava também “ajudar os eclesiásticos a adquirir as virtudes necessárias ao seu estado”. Esta terceira intenção não era, na verdade, senão consequência das duas primeiras. Para evangelizar o povo, era necessário evangelizar os pastores, que muitas vezes estavam igualmente necessitados de ajuda.
Como é natural, os decretos do Concílio de Trento não tinham bastado para pôr termo de golpe à decadência do clero. Muitos esforços seriam ainda necessários para subir de novo a encosta pela qual a Igreja deslizava havia mais de dois séculos Demasiados padres, especialmente nos campos, viviam ao nível do seu povo, de um povo cuja moralidade, depois de tantos anos de convulsões políticas, religiosas e sociais, não era lá muito alta. A falar verdade, a maior parte do clero não escandalizava por maus costumes, mas os seus costumes nada tinham de sacerdotais. Muitos deles eram preguiçosos – “a preguiça é o vício do clero”, confessava Vicente de Paulo -, indiferentes a qualquer esforço pastoral. Dada a falta de formação, eram muito ignorantes. Vicente talvez se lembrasse de certo pároco que conhecera durante as suas primeiras Missões em terras dos Gondi: nem sequer sabia a fórmula da absolvição. E o absenteísmo era algo normal.
Essa decadência do clero atormentava a alma verdadeiramente sacerdotal de Monsieur Vincent. Tinha palavras terríveis para a situação que pudera conhecer pessoalmente: “Vivendo como hoje vivem na grande maioria, os padres são os maiores inimigos da Igreja de Deus”. E ainda: “A depravação do estado eclesiástico é a principal causa da ruína da Igreja”. Críticas severas, mas que, para esse coração generoso, apenas significavam uma exigência profunda. “Tais os padres, tais os povos”. Ou: “Se um bom padre pode fazer um grande bem, ai!, quanto mal não faz um mau padre!” E acrescentava esta pequena frase, em que já parece falar o santo Cura d’Ars: “Não há nada tão grande como um bom padre”. Leia mais deste post
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