Algumas considerações sobre lei natural (resposta a Leonardo)

No post abaixo, publiquei um questionamento que me foi enviado por um leitor do blog, relacionado à lei natural. Aproveito para fazer algumas considerações a respeito, já que a lei natural, ou lei moral, é um tema que considero fascinante e, em minha opinião, uma das pedras no sapato dos ateístas. Não é à toa que o livro do qual postei um capítulo que resultou na presente discussão tem como subtítulo “Um cientista apresenta evidências de que Ele existe”. Cientista e ex-ateu, ressalte-se. Na verdade, tenho recolhido material e pesquisado sobre o tema com o intuito de postar no blog uma análise melhor fundamentada do tema, porém é trabalho de longo prazo. Nesse artigo eu gostaria apenas de colocar alguns aspectos sobre o assunto em questão que podem ser úteis para ajudar a aprofundar o tema. Antes de mais nada, creio que existam três posturas que se pode tomar com relação à lei natural:

  1. Os que negam que exista uma lei natural.
  2. Os que aceitam a existência da lei natural, porém como uma espécie de mecanismo biológico ou social advindo da evolução humana.
  3. Os que aceitam a existência da lei natural como algo infundido por Deus.

Ademais, outras questões importantes se apresentam, qualquer que seja a postura adotada. Pode-se provar a sua existência ou sua não existência? Afinal, caso exista, pela sua própria definição trata-se necessariamente de verdade objetiva e universal. Ou trata-se de  algo que não se pode provar mas que se impõe, ou não,  pelas evidências a favor ou contra, como é o caso das discussões sobre a existência de Deus? Evidentemente, não é objetivo deste artigo responder a essas questões, mas apenas colocar alguns problemas relativos ao tema.

Um dos problemas quando se discute sobre a lei moral é quando esta é colocada no contexto da briga entre criacionistas e evolucionistas. E isso é de fato um grande problema, pois ambos podem aceitar sua existência, porém com origens totalmente diversas que resultariam em concepções da moral em si também diversas, e então o próprio conceito de moralidade é afetado. Não é a mesma coisa uma lei que, em si, é divina, e portanto imutável, e uma lei “gerada” pelo movimento da evolução através do tempo, mesmo que esta tenha assumido feições biológicas. Afinal, mudadas as condições, mudam-se a necessidades, e o que hoje é lei com o tempo pode se alterar e ter novas feições. Enquanto a primeira é uma lei eterna e imutável, a outra é uma lei com a qual podemos fazer uma analogia com as leis civis: mudado o contexto, muda-se a lei. Fica, pois, evidente que “lei natural” para esses dois pontos de vista não tem o mesmo significado e alcance.

Ainda no contexto da luta entre Criacionismo e Evolucionismo, existe ainda um outro problema, comum a ambos, e que deve ser elucidado para uma boa compreensão da lei natural que deles emanaria. Trata-se do empobrecimento e deturpação dos conceitos de Criação e Evolução.

Como católico, tenho certeza da Criação como fato (sobre a relação entre fé e razão recomendo a Carta Encíclica Fides et Ratio, de João Paulo II), porém de modo algum sou um criacionista no sentido mais comum do termo. Fazer uma interpretação literal e fundamentalista da Bíblia significa tirar-lhe toda a profundidade. Não apenas a profundidade do conhecimento de Deus e de sua ação para com o homem, mas também a profundidade do conhecimento de si mesmo, por parte do homem. É uma espécie de infantilidade da fé ou da religião. Nesse contexto, a própria palavra “fé” acaba perdendo seu significado mais profundo e torna-se, com toda razão, motivo de escárnio. A Bíblia não é um manual de ciências. Um conceito de lei natural que tivesse essa visão como premissa certamente ficaria deformado. 

De outra parte, o evolucionismo segue caminho semelhante. Parece que na Teoria da Evolução a palavra “teoria” perdeu seu caráter hipotético e especulativo e passou a significar ”realidade”, “verdade absoluta e inquestionável”. É evidente que a teoria da evolução tem o seu valor, porém hoje é apresentada como um absoluto que se deve aceitar e não questionar sob pena de ser considerado um imbecil. Se alguém duvida, comece a assistir documentários nesses canais de tv que deveriam, supostamente, trazer matérias científicas. Frequentemente verá que a explicação para tudo é a evolução. Seja um documentário sobre animais, seja sobre a humanidade, tudo se explica falando a palavra mágica “evolução”. Assim como na piada, que quando o médico não sabe o que o paciente tem diz que é “virose”, não se preocupe quando for fazer o seu documentário ou escrever seu livro. O que você não souber explicar como aconteceu diga que é “a evolução” e pronto! Como escreveu Chesterton com ironia, basta jogar o fator tempo, alguns milhares ou milhões de anos, que tudo se explica. Não entrarei aqui no mérito das discussões entre os adeptos do design inteligente e os evolucionistas, na explosão cambriana ou nos exemplos de complexidade irredutível, muito embora a única resposta dos evolucionistas é a de que o acaso tudo pode, sem nunca demonstrar nada. O que interessa aqui é o fato de que a evolução, vista como um absoluto, acaba tornando-se ela própria matéria de fé, não de ciência. Como sugestão, CLIQUE AQUI para assistir a um divertido vídeo sobre isso.

Quanto aos questionamentos do leitor, a parte referente às formigas (“Em relação ao primeiro exemplo, não seria incoerente comparar um grupo de animais não racionais e bem menos complexos com a raça humana? Isto é, se as formigas não são de um jeito, não significa que humanos não podem ser desse jeito.”) penso tratar-se de uma interpretação equivocada. Na verdade, o autor do texto (para ver o artigo completo CLIQUE AQUI) usa esse exemplo contra a explicação evolutiva, e não a favor. Ou seja, o que para as formigas pode até ser um comportamento evolutivo, não se aplica aos seres humanos no que diz respeito ao comportamento altruísta. Para entender melhor, segue o trecho completo:

Um terceiro argumento é o de que o comportamento altruísta entre membros de um grupo beneficia o grupo todo. Como exemplos temos os formigueiros, nos quais operárias estéreis trabalham de maneira árdua e incessante para criar um ambiente onde suas mães possam gerar mais filhos. Esse tipo de altruísmo das formigas, contudo, é prontamente explicado em termos evolucionários pelo fato de os genes que incentivam as formigas operárias estéreis serem exatamente os mesmos que serão transmitidos pela mãe aos irmãos e irmãs que aquelas estão ajudando a criar. Os evolucionistas agora concordam, quase unânimes, que essas conexões de DNA incomuns não se aplicam a populações mais complexas, nas quais a seleção trabalha no indivíduo, não na população. O comportamento limitado da formiga operária, portanto, apresenta uma diferença essencial com relação à voz interior que faz com que eu me sinta compelido a saltar no rio para tentar salvar um estranho que está se afogando, mesmo que eu não seja um bom nadador e possa morrer na tentativa. Além disso, para que o argumento evolucionário referente a benefícios grupais de altruísmo se mantivesse, seria necessário, aparentemente, uma reação oposta, ou seja, a hostilidade a indivíduos que não fizessem parte do grupo. O ágape de Oskar Schindler e Madre Teresa distorce esse tipo de raciocínio. Choca saber que a Lei Moral me pede que salve alguém que está se afogando, mesmo que seja um inimigo.”

O segundo questionamento é o seguinte:

“Em relação ao segundo exemplo, tal atitude não poderia ser explicada por uma falha ou uma imperfeição na evolução? Assim como possuímos falhas em nosso corpos, não poderíamos ter uma falha em uma moralidade originada pela evolução? Isto é, não seria possível que os nossos ancestrais que tinham algum tipo de comportamento altruísta que contribua para o desenvolvimento do grupo também fossem altruístas com pessoas fora do grupo, e mesmo ajudando inimigos, uma característica não benéfica a seus genes, continuassem sobrevivendo e se reproduzindo mais que outros que não tinham nenhum tipo de comportamento altruísta? Não sei se está claro o que quero dizer. É como se a Lei Moral fosse um pacote de características, algumas boas para os interesses evolucionistas, algumas ruins, porém que ainda tendo características ruins, valia a pena pelas características boas.”

Creio que sua hipótese é a de que a lei moral (no caso o altruísmo) é tão boa para a manutenção da espécie quando exercida dentro de seu grupo que uma falha da mesma (ser exercida também com os inimigos) não tiraria seus benefícios evolutivos. O problema é que isso já parte do pressuposto de que a lei natural é fruto da evolução, porém sem nenhuma demonstração real. Vai de encontro justamente à crítica que fiz acima à absolutização do evolucionismo sem base concreta. Com relação à analogia com os nossos corpos, as falhas são a exceção, não a regra. Mas no caso da lei natural, ela é a regra, e não consigo entender como uma falha tão grande teria ainda efeitos evolutivos. Porém, segue o debate…

Para finalizar, segue uma resposta que me enviou o amigo José Carlos, que se interessou pelos questionamentos que você fez.

“A lei moral não é algo inscrito nos genes de modo direto, não é um mero sentimento defeituoso ou não da evolução que possa ser contrário ou não a uma melhor ou pior sobrevivência da espécie.

A lei moral está profundamente ligada à consciência.

A consciência, de um modo muito simples e conciso, pode-se dizer que é: o animal sabe (coisas), mas não sabe que sabe. 

Ora, se formos pelo caminho (errado, a meu ver) de um processo puramente biológico (natural no sentido biológico), dizer que a lei moral possa ser um erro da natureza é dizer que a consciência é um erro, mas foi a consciência que fez desta espécie a espécie totalmente dominante e sem rival no planeta, de tal modo que ela, a espécie, sabe disso e a discute (o que estão fazendo agora).

Na minha óptica a coisa está assim:  A lei moral é uma descoberta, não é um instinto ou algo inscrito no ser humano, é uma descoberta semelhante à matemática. A matemática descobre-se, não se inventa, não é possível de inventar, não cabe qualquer coisa na matemática, é o que é, descobre-se as relações de operações possíveis, lógicas, entre os números e são essas, não outras arbitrárias. Numa certa linguagem, mais poética ou não, pode-se dizer que a matemática está no universo e o ser humano o que faz é descobri-la. A consciência, essa natural ao ser humano, vai descobrir a lei moral “inscrita” no Universo e adere (ou não) a ela. Há princípios dessa lei que são evidentes para todos, por isso tanto o aborígene como o esquimó descobrem essas evidências morais, daí a descoberta que certos princípios morais são universais em todos os grupos humanos, apesar das culturas distintas.”

Resposta a Leonardo

Recebi, pela página de contato do blog, a mensagem abaixo. Porém, como o autor não se identificou, fiquei impossibilitado de responder por email. Como é assunto que me interessa muito, caso tenha interesse, escreva-me novamente enviando seu endereço, para que eu possa responder.

“Não sei se há mais de um moderador deste site, entretanto me direciono a David. David, Acabo de ler o seu texto sobre a Lei Moral. Assim como você, li Cristianismo Puro e Simples. Entretanto, ainda tenho algumas dúvidas em relação a possibilidade da origem da Lei Natural ser o evolucionismo, mais especificamente no argumento que você descreve como “o de que o comportamento altruísta entre membros de um grupo beneficia o grupo todo”. 1. Você utiliza dois exemplos para provar o seu ponto; o primeiro é o das formigas e o segundo o de salvar um inimigo do afogamento. – Em relação ao primeiro exemplo, não seria incoerente comparar um grupo de animais não racionais e bem menos complexos com a raça humana? Isto é, se as formigas não são de um jeito, não significa que humanos não podem ser desse jeito. – Em relação ao segundo exemplo, tal atitude não poderia ser explicada por uma falha ou uma imperfeição na evolução? Assim como possuímos falhas em nosso corpos, não poderíamos ter uma falha em uma moralidade originada pela evolução? Isto é, não seria possível que os nossos ancestrais que tinham algum tipo de comportamento altruísta que contribua para o desenvolvimento do grupo também fossem altruístas com pessoas fora do grupo, e mesmo ajudando inimigos, uma característica não benéfica a seus genes, continuassem sobrevivendo e se reproduzindo mais que outros que não tinham nenhum tipo de comportamento altruísta? Não sei se está claro o que quero dizer. É como se a Lei Moral fosse um pacote de características, algumas boas para os interesses evolucionistas, algumas ruins, porém que ainda tendo características ruins, valia a pena pelas características boas. 2. Em seu livro, C S Lewis diz que “é perfeitamente verdadeira a ideia de que a segurança e a felicidade só podem vir quando os indivíduos, as classes sociais e os países são honestos, justos e bons uns com os outros. É uma das verdades mais importantes do mundo.” Ele continua: “Ela só não consegue explicar por que temos tais e tais senti­mentos diante do Certo e do Errado. Se eu perguntar: ‘Por que devo ser altruísta?’, e você responder: ‘Porque isso é bom para a sociedade’, poderei retrucar: ‘Por que devo me importar com o que é bom para a socie­dade se isso não me traz vantagens pessoais?’, ao que você terá de responder: Porque você deve ser altruísta’ “. Aqui, eu acredito que ao invés desta última fala, o locutor poderia retrucar “Você não precisa se importar. Você já se importa por razões evolutivas.” Assim, seria possível explicar por que temos tais sentimentos diante do Certo e do Errado. Não sei se você lerá esta mensagem. Entretanto, possuo a esperança de uma resposta. A propósito, também sou cristão. Deus abençoe! Leonardo”

A vaca, o burro e nós

BurroVaca

Quem não compreende o mistério do Natal, não compreende o elemento decisivo do Cristianismo. Quem não aceitou isto não pode entrar no Reino do Céu – e foi isso que São Francisco de Assis quis recordar novamente aos cristãos do seu tempo, e das sucessivas gerações.

Francisco ordenou que a vaca e o burro deviam estar presentes no presépio na gruta de Greccio na noite de Natal. Disse ao nobre João: “Desejo em toda a realidade acordar a lembrança da criança tal como nasceu em Belém e todas as dificuldades que teve de suportar na sua infância. Desejo ver com os seus olhos corporais o que significou ter de repousar numa manjedoura e dormir na palha, entre uma vaca e um burro.”

A partir de então a vaca e o burro tiveram o seu lugar em todos os presépios – mas de onde vêm na realidade? É bem sabido que não são mencionados nas narrativas de Natal do Novo Testamento. Quando investigamos esta questão descobrimos um factor importante em todas as tradições associadas ao Natal e, na verdade, em toda a piedade do Natal e da Páscoa na Igreja, tanto na liturgia como nas devoções populares.

A vaca e o burro não são simplesmente produtos piedosos da imaginação: a fé da Igreja na unidade do Antigo e Novo Testamento deu-lhes um papel no acompanhamento do evento do Natal. Lemos em Isaías: “O boi conhece o seu possuidor, e o jumento a manjedoura do seu dono; mas Israel não tem conhecimento, o meu povo não entende” (1,3). Os padres da Igreja viram nestas palavras uma profecia que apontava para o novo povo de Deus, a Igreja composta tanto por judeus como por gentios.

Diante de Deus todos os homens, Judeus e Gentios, eram como a vaca e o burro, sem razão nem conhecimento. Mas a criança no presépio abriu-lhes os olhos e agora reconhecem a voz do seu Mestre, a voz do seu Senhor. É notável como nas imagens medievais da Natividade os artistas dão aos dois animais faces quase humanas e como eles se colocam diante do mistério da criança e baixam as cabeças em atenção e reverência.

Mas isto era, na verdade, uma questão de lógica uma vez que os dois animais eram considerados símbolos proféticos para o mistério da Igreja – o nosso próprio mistério, uma vez que não passamos de vacas e burros diante do Deus Eterno, vacas e burros cujos olhos se abrem na noite de Natal, para que possam reconhecer o seu Senhor no presépio. Quem o reconheceu e quem não o reconheceu? Mas será que o reconhecemos mesmo?

Quando colocamos uma vaca e um burro junto ao presépio devemos lembrar-nos da passagem inteira de Isaías, que é não apenas a boa nova – no sentido de uma promessa de um conhecimento futuro – mas também o juízo pronunciado sobre a cegueira contemporânea. A vaca e o burro têm conhecimento, “mas Israel não tem conhecimento, o meu povo não entende”.

Quem são a vaca e o burro hoje, e quem são “o meu povo” que não compreende? Como podemos reconhecer a vaca e o burro? Como podemos reconhecer “o meu povo”? E porque é que o irracional reconhece, enquanto a razão é cega?

Para descobrirmos a resposta devemos regressar com os Padres da Igreja ao primeiro Natal. Quem o reconhece? E quem não o reconhece? E porquê? Leia mais deste post

A necessidade da Graça II – Sem a graça pode o homem querer e fazer o bem?

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Parece que o homem pode querer e fazer o bem sem a graça:

1. Com efeito, está no poder do homem aquilo sobre o quê ele é senhor. Ora, como foi dito acima (I-II, q.1, a.1 e q.13, a.6), o homem é senhor de seus atos e principalmente do ato do querer. Logo, o homem pode querer e fazer o bem por si mesmo, sem o auxílio da graça.

2. Além disso, cada um tem mais poder sobre aquilo que é conforme à sua natureza do que sobre aquilo que é estranho a essa natureza. Ora, o pecado, como disse Damasceno, é contrário à natureza, e o ato da virtude, como foi dito, está de acordo com a natureza humana. Logo, o ser humano por si mesmo pode pecar, e com maior razão pode querer e fazer o bem por si mesmo.

3. Ademais, o bem do intelecto é o verdadeiro, disse o Filósofo. Ora, o intelecto pode conhecer o verdadeiro por si mesmo, uma vez que toda coisa pode realizar por si mesma a operação natural. Logo, com maior razão pode o homem querer e fazer por si mesmo o bem.

EM SENTIDO CONTRÁRIO, como disse o Apóstolo: “Não pertence àquele que quer, o querer, nem ao que corre, o correr, mas a Deus que é misericordioso” (Rm 9, 16). E Agostinho diz que “sem a graça ninguém pode absolutamente fazer o bem: seja pensando, querendo, amando, ou agindo.

tomas_respondoA natureza humana pode ser considerada em dois aspectos diferentes: em sua integridade, tal como existiu em nosso primeiro pai antes do pecado; ou no estado de corrupção no qual estamos depois do pecado original. Nos dois estados, ela tem necessidade para fazer e querer o bem, de qualquer ordem que seja, do auxílio divino, considerado como primeiro movente, como foi dito. No estado de integridade, com respeito à capacidade da potência operativa, o homem podia, com suas forças naturais, querer e fazer o bem proporcionado à sua natureza, como é o bem da virtude adquirida, mas não um bem que a  ultrapassa, como é o bem da virtude infusa. No estado de corrupção, o homem falha naquilo que lhe é possível pela sua natureza, a tal ponto que ele não pode mais por suas forças naturais realizar totalmente o bem proporcionado à sua natureza. Entretanto, o pecado não corrompeu totalmente a natureza humana a ponto de privá-la de todo bem que lhe é natural. Assim, mesmo neste estado de corrupção o homem pode ainda fazer, por sua potência natural, algum bem particular, como construir casas, plantar vinhas, e outros trabalhos do mesmo gênero. Mas ele não é capaz de realizar em sua totalidade o bem que lhe é conatural, sem alguma falha. Ele parece um enfermo que pode ainda executar sozinho alguns movimentos, mas não pode mover-se perfeitamente como alguém em boa saúde, enquanto não obtiver a cura com a ajuda da medicina. Leia mais deste post

A necessidade da Graça I – Sem a graça pode o homem conhecer alguma verdade?

El_Greco_Pentecostes

 El Greco, Pentecostes

Parece que sem a graça o homem não pode conhecer verdade alguma:

1. Porque, sobre o texto da primeira Carta aos Coríntios: “Ninguém pode dizer Senhor Jesus, senão no Espírito Santo” (12, 3), diz a Glosa Ambrosiana: “Toda verdade, seja dita por quem for, vem do Espírito Santo”. Ora, o Espírito Santo habita em nós pela graça. Logo, sem a graça não podemos conhecer a verdade.

2. Além disso, Agostinho diz: “As mais certas doutrinas são como coisas que o sol ilumina para que possam ser vistas. Deus é que ilumina. A razão está para o  espírito como a vista para os olhos. E os olhos do espírito são os sentidos da alma”. Ora, os sentidos corporais, por mais puros que sejam, não podem ver um objeto se não estiverem iluminados pelo sol. Logo, a mente humana, seja qual for sua perfeição, não pode chegar por seu raciocínio à verdade sem a iluminação divina. Esta pertence ao auxílio da graça.

3. Ademais, a mente humana não pode entender a verdade a não ser raciocinando, como diz Agostinho. Ora, o Apóstolo diz: “Não somos capazes de pensar alguma coisa que , de fato, venha de nós” (2 Cor 3, 5). Logo, o homem não pode conhecer a verdade por si mesmo sem o auxílio da graça.

EM SENTIDO CONTRÁRIO, Agostinho diz: “Não aprovo o que disse nesta oração: Ó Deus, quisestes que a verdade fosse conhecida somente pelos puros. Pode-se, entretanto, responder que muitos impuros conhecem muitas verdades”. Ora, é pela graça que o homem se torna puro, segundo o Salmo: “Um coração puro cria em mim, ó Deus; e um espírito reto renova em minhas entranhas” (50, 2). Logo, sem o auxílio da graça o homem não pode por si mesmo conhecer a verdade.

tomas_respondo Conhecer a verdade é o exercício ou o ato da luz intelectual, porque segundo o Apóstolo: “Tudo o que se torna manifesto é luz” (Ef 5, 13). O exercício implica em movimento: tomando movimento num sentido amplo, de tal modo que o entender e o querer podem ser ditos um movimento, como o Filósofo deixa claro. Vemos nos corpos que o movimento não exige apenas sua forma que é o princípio do movimento ou da ação; mas também requer-se a moção do primeiro movente. O primeiro movente na ordem dos corpos é o corpo celeste. Assim, mesmo que o fogo tivesse o calor perfeito, não queimaria sem a moção do corpo celeste. Fica claro, do mesmo modo, que os movimentos dos corpos dependem do movimento do corpo celeste, considerado como primeiro movente corporal. Assim todos os movimentos, corporais ou espirituais, dependem do primeiro movente absoluto que é Deus. É por isso que, seja qual for a perfeição de uma natureza corporal ou espiritual, não poderá chegar a produzir o seu ato se não for movido por Deus. Esta moção é conforme à razão de sua providência e não à necessidade da natureza, como é a moção do corpo celeste. Além disso, não é apenas a moção que vem de Deus, considerado como primeiro movente, mas também vem dele, como do ato primeiro, toda perfeição formal. Assim, a ação do intelecto e de qualquer ente criado depende de Deus, de duas maneiras: primeiro, enquanto d’Ele recebe a forma pela qual age; depois, enquanto é movido por Ele para agir.
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Mário Ferreira dos Santos e as cinco vias de Santo Tomás de Aquino

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Esta é, sem dúvida, a melhor explicação das cinco vias de Santo Tomás de Aquino que já li. Boa leitura!

 

Artigo tirado do site “Contra os Acadêmicos

As Cinco Vias de Tomás de Aquino explicada por Mário Ferreira dos Santos: uma apreciação definitiva.

 

Retirado do livro “O Homem Perante o Infinito”.

DAS PROVAS A POSTERIORI — AS CINCO “VIAS” DE TOMÁS DE AQUINO

Os argumentos a posteriori da existência de Deus — os que partem de fatos da experiência e não apenas de noções, e que se apoiam no princípio de razão suficiente — são clas­sificados em:

  1. a) Provas cosmológicas;
  2. b) Provas psicológicas;
  3. c) Provas morais.

As provas cosmológicas fundam-se nos fatos de experiên­cia externa, por meio da qual conhecemos o mundo exterior, É sobre tais fatos que Tomás de Aquino construiu suas pro­vas, através de cinco vias.

Como se trata aqui de matéria que merece uma exposição cuidadosa e a mais fundada nos textos, reproduzimos a seguir os comentários prévios apresentados por Muniz a tais provas.

“Toda via para demonstrar a existência de Deus constará de um ponto de partida, do ímpeto nas coisas criadas; de um recorrido ou ponto, que não pode ser outro que a causalidade extrínseca, e de um termo de chegada, que é a causa, Deus.

O ponto de partida é sempre um efeito sensível, manifesto, um fato de experiência certo: a existência do movimento, a subordinação de causas eficientes, a contingência dos seres sen­síveis, a gradação de perfeiçoes transcendentais, e a ordenação a um fim. Como destes fatos de experiência pode a razão elevar-se a Deus?

O primeiro passo que tem que dar a razão é demonstrar que tais fatos entranham a condição de efeitos: que são cau­sados; por exemplo, o que se move é movido por outro; uma causa subordinada é movida por outra superior; o ser contin­gente é causado por um ser necessário; uma perfeição parti­cipada em distintos graus é causada pela mesma existente em máximo grau; um ser cognoscitivo, que opera por fim, é cau­sado, movido e dirigido por uma inteligência. Bem assegurado este caráter de efeito, a razão, em vir­tude do princípio de causalidade, passa a demonstrar a exis­tência da causa.

Um segundo passo, comum a todas as vias, é que, numa subordinação per se de causas, não se pode proceder ao infi­nito, mas que é absolutamente necessário chegar a uma pri­meira causa, da qual dependem todas as outras.

Logo, tem de existir um primeiro motor que tudo move, uma primeira causa que põe em actividade todas as outras; um ser necessário, que é a causa de todos os seres necessários e contingentes; um primeiro ser, que é fonte e origem do ser em quantas coisas existem; e uma primeira inteligência, que dirige todas as coisas a seus respectivos fins.

Esta última causa é Deus.

Por conseguinte, todas as vias de Tomás de Aquino terão, pelo menos:

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A Receita Comunista Para a Destruição da Família

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Parte I.

Em nosso último artigo, tratamos de investigar as raízes do ódio comunista à família ao menos no plano de sua fundamentação teórica e de demonstrar, na medida do possível, as fragilidades dessa mesma sustentação. No presente trabalho, ocupar-nos-emos acerca do avanço de tal ideologia sobre o direito pátrio.

A visão que Engels (repitamos mais uma vez, apoiando-se quase que inteiramente no antropólogo americano Lewis Morgan) tem da história humana revela muito do que viria a ser o movimento comunista. Uma vez que a propriedade privada e a família foram se formando aos poucos à medida que a evolução darwinista empurrava os agrupamentos humanos rumo à civilização, a conclusão óbvia é que, sendo uma construção da sociedade (e, acrescento eu: da sociedade opressora), então é possível que nos livremos de ambas. Se nem uma nem outra são naturais ao homem, então, podem ser descartadas. E, na visão do…

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Gigante com Pés de Barro

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Quando Marx e Engels lançaram seu “Manifesto Comunista”, no Ano da Graça de 1.848, havia nele algo que parece ter chamado pouco a atenção do, digamos, “militante comum”, mas que, bem captado pelos líderes e pensadores do movimento, tornou-se uma verdadeira bomba destinada a remodelar toda a sociedade ocidental no século e meio seguinte, ainda que o modelo de comunismo lá proposto viesse a se revelar uma espantosa sucessão de fracassos e de tragédias. Falo, aqui, do ódio (a palavra não é um exagero) de ambos à família tradicional. Eles o dizem abertamente e com um certo ar de arrogância: seu desejo é o de destruir a família “burguesa”, vista como célula de exploração da mulher e dos filhos pelo homem. Para os que não o creem, abro aqui um espaço para que eles mesmos o digam:

A supressão da família! Mesmo os mais radicais exaltam-se com esse infame desígnio…

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A Tutela da Revolta e a Ascenção do Estado Totalitário

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leviata-demonio Fonte da imagem: https://www.esbocandoideias.com/2017/03/leviata-na-biblia-e-um-demonio.html

Parte I: E Sereis Como Deus.

Parte II: A Revolta Metafísica em Ato.

Como dito nos dois posts anteriores, há no homem uma revolta metafísica, uma ruptura imaginária entre o ser e o dever ser, sendo que a ideologia de gênero aproveita-se exatamente desta nossa fraqueza para lançar seu apelo. Tal apelo encontrará eco naqueles indivíduos mais suscetíveis de abandonar a realidade e aderir ao seu dever ser imaginário.

Assim, os ideólogos de gênero conseguiram, por meio de muita propaganda midiática, criar uma demanda no corpo da sociedade. E, criada ela, era necessário, então, que, na outra ponta do processo, alguém fosse escalado para supri-la: os legisladores e os juízes. Para convencê-los, o apelo feito foi de outra natureza, mas que, igualmente, faz eco numa fraqueza ínsita a todo ser humano: apelou-se para o desejo que há em todo filho de Eva de ser como Deus…

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A Revolta Metafísica Em Ato

mmjusblog

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Parte I: https://mmjusblog.wordpress.com/2017/07/28/e-sereis-como-deus/

Como visto em nosso artigo anterior, a narrativa da criação e da queda de nossos primeiros pais (especialmente de nossa primeira mãe) revela-nos coisas essenciais acerca da natureza que nos cerca e, especialmente, diz muito sobre nós mesmos. Deus, sendo o Bem absoluto, nada podia criar que não fosse bom, razão pela qual a criação é boa. O ser e o dever ser das coisas coincidem. As  proibições, os mandamentos e as permissões divinas enraízam-se na natureza dos seres das coisas e não num capricho voluntarista do Criador. Contudo, a partir da aceitação por Eva do engano da serpente, passou a haver, no ser humano, uma dúvida acerca da bondade de Deus e de toda criação; com frequência, cremos que as coisas não são como deveriam ser e pensamos que os imperativos morais são fruto de um voluntarismo divino; e, sobretudo, há em nós o desejo de sermos…

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E Sereis Como Deus.

mmjusblog

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Já há algum tempo, escrevi um artigo intitulado “Como Loucos no Hospício”, no qual tive a intenção de expor, sucintamente, como a mente do homem ocidental moderno funciona: exatamente como a de um louco, vivendo alheio à realidade e apegando-se a ideias sem a menor preocupação de confrontá-las com o mundo em sua volta. Ao final do texto, prometi uma continuação, visto que a loucura do mundo moderno é tal que, de fato, muitos há que pensam ser como Deus, julgando-se capazes mesmo de alterar a realidade que os cerca.

A continuação prometida, contudo, foi adiada por algum tempo. E, dado o avanço cada vez mais avassalador da chamada ideologia de gênero, entendi por bem abordar o assunto sob esta ótica, mesmo porque, até o presente momento, o ser humano não conseguiu criar nada que seja mais flagrantemente contrário à realidade; nada, portanto, que seja mais louco.

Para…

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Tomás responde: A mentira é sempre pecado?

La caida de Luzbel

Antonio Maria Esquivel (1806-1857), La caída de Luzbel, Museo del Prado

“Vós sois do diabo, vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio e não permaneceu na verdade: quando ele mente, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira” (Jo 8, 44)

Parece que nem toda mentira é pecado:

1. Com efeito, é evidente que os evangelistas não pecaram ao escrever o Evangelho. Ora, eles parecem ter dito algo falso, porque as palavras de Cristo, e até mesmo de outros personagens, são registradas de maneira diferente por eles. E daí se pode concluir que um deles há de ter dito uma coisa falsa. Logo, nem toda mentira é pecado.

2. Além disso, ninguém é recompensado por Deus pelo pecado. Ora, as parteiras do Egito foram recompensadas por Deus, por terem mentido, pois a escritura diz que Deus lhes concedeu uma posteridade. Logo, a mentira nem sempre é pecado.

3. Ademais, a Sagrada Escritura narra os feitos dos santos para a edificação da vida humana. Ora, de alguns grandes santos se diz que mentiram. No Gênesis se lê que Abraão disse que sua esposa era sua irmã. Jacó mentiu dizendo que era Esaú, e, apesar disso recebeu a bênção. E Judith, que mentiu para Holofernes, até hoje recebe louvor. Logo, nem toda mentira é pecado.

4. Ademais, às vezes convém escolher um mal menor para evitar um mal maior; é o caso do médico que se vê obrigado a cortar um membro para evitar a infecção do corpo inteiro. Ora, causa menor dano ao próximo quem lhe comunica uma informação falsa do que assassinar ou ser assassinado. Logo, pode ser lícito mentir para impedir alguém de cometer homicídio para preservar alguém da morte.

5. Ademais, quem não cumpre uma promessa, mente. Ora, nem todas as promessas devem ser cumpridas, pois Isidoro diz: se prometeste algo mau, rompe teu compromisso. Logo, nem toda mentira é pecado.

6. Ademais, a mentira é considerada pecado porque a pessoa engana o próximo; o que faz Agostinho dizer: “Quem imagina que pode haver um gênero de mentira sem pecado, está torpemente equivocado ao se estimar como honesto enganador dos outros”. Ora, nem toda mentira é causa de engodo porque a mentira jocosa não engana ninguém. Na realidade, ninguém conta estas mentiras para que sejam cridas, mas simplesmente para a diversão. E assim de vez em quando se encontram locuções hiperbólicas na Sagrada Escritura. Logo, nem toda mentira é pecado.

EM SENTIDO CONTRÁRIO, o livro do Eclesiástico diz: Recusa-te a proferir qualquer mentira (7, 14).

tomas_respondo Aquilo que é mau por sua própria natureza não pode de maneira nenhuma ser bom ou lícito; porque, para algo ser bom, é preciso que todos os seus elementos o sejam. De onde a célebre sentença de Dionísio: o bem resulta da perfeição total da causa, enquanto que o mal resulta de qualquer defeito. Ora, a mentira é um mal por sua própria natureza porque é um ato cuja matéria
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Como Loucos no Hospício

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Em seu monumental livro “Ortodoxia”, G. K. Chesterton narra um episódio interessante a partir do qual faz toda uma crítica à filosofia e ao mundo moderno. Entendo que tal crítica é essencial para conhecermos o porquê de tantas e tantas loucuras que nos cercam. Para que o leitor possa, ele mesmo, ter acesso a essa pérola, entendo por bem colacionar a íntegra do texto a que me referi:

Se você discutir com um louco, é extremamente provável que leve a pior; pois sob muitos aspectos a mente dele se move muito mais rápido por não se atrapalhar com coisas que costumam acompanhar o bom juízo. Ele não é embaraçado pelo senso de humor ou pela caridade, ou pelas tolas certezas da experiência. Ele é muito mais lógico por perder certos afetos da sanidade. De fato, a explicação comum para a insanidade nesse respeito é enganadora. O louco não é…

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A Cruz e a Justiça

mmjusblog

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Como se sabe, a Cruz é o símbolo do cristianismo e sintetiza toda uma doutrina e mesmo a totalidade de uma cosmovisão. Chesterton dizia que ela traz em si um paradoxo: um braço estende-se na horizontal, como que querendo abraçar este mundo, enquanto que outro estende-se de baixo para cima, como que querendo transcendê-lo. No centro, o choque de ambos, e, apesar do choque, cada braço segue em seu próprio caminho, apontando para a mais estranha das soluções do paradoxo: é possível e necessário preocupar-se com o mundo em que estamos ao mesmo tempo em que é possível e necessário que se tente transcendê-lo. É possível desejar-se apenas o céu sem deixar de se atentar ao mundo; é possível amar os homens e amar apenas a Deus. Digo mais: na realidade, somente é possível amarem-se os homens caso se ame exclusivamente a Deus.

O Cristianismo (e, portanto, a civilização ocidental…

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TODA A VIDA EUROPÉIA MORREU EM AUSCHWITZ

Auschwitz

Por Sebastian Vilar Rodriguez

Desci uma rua em Barcelona, e descobri repentinamente uma verdade terrível. A Europa morreu em Auschwitz.
Matamos seis milhões de Judeus e substituímo-los por 20 milhões de muçulmanos.
Em Auschwitz queimamos uma cultura, pensamento, criatividade e talento.
Destruímos o povo escolhido, verdadeiramente escolhido, porque era um povo grande e maravilhoso que mudara o mundo.
A contribuição deste povo sente-se em todas as áreas da vida: ciência, arte, comércio internacional, e, acima de tudo, como a consciência do mundo.
Este é o povo que queimamos.
E debaixo de uma pretensa tolerância, e porque queríamos provar a nós mesmos que estávamos curados da doença do racismo, abrimos as nossas portas a 20 milhões de muçulmanos que nos trouxeram estupidez e ignorância, extremismo religioso e falta de tolerância, crime e pobreza, devido ao pouco desejo de trabalhar e de sustentar as suas famílias com orgulho.
Eles fizeram explodir os nossos comboios, transformaram as nossas lindas cidades espanholas num terceiro mundo, afogando-as em sujeira e crime.
Fechados nos seus apartamentos eles recebem, gratuitamente, do governo, e planejam o assassinato e a destruição dos seus ingênuos hospedeiros.
E assim, na nossa miséria, trocamos a cultura por ódio fanático, a habilidade criativa por habilidade destrutiva, a inteligência por subdesenvolvimento e superstição.
Trocamos a procura de paz dos judeus da Europa e o seu talento, para um futuro melhor para os seus filhos, a sua determinação, o seu  apego à vida, porque a vida é santa, por aqueles que prosseguem na morte, um povo consumido pelo desejo de morte para eles e para os outros, para os nossos filhos e para os deles.
Que terrível erro cometido pela miserável Europa.

Tomás responde: Cristo foi o primeiro a ressuscitar?

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Ressurreição de Lázaro
Mosaico do século IV na igreja de Sant’Apollinare Nuovo, em Roma

Parece que Cristo não foi o primeiro a ressuscitar:

1. Na verdade, lê-se que no Antigo Testamento algumas pessoas foram ressuscitadas por Elias e Eliseu, conforme diz a Carta aos Hebreus: “Mulheres encontraram seus mortos, pela ressurreição” (11, 35). Também Cristo, antes de sua paixão, ressuscitou três mortos. Portanto, Cristo não foi o primeiro a ressurgir.

2. Além disso, o Evangelho de Mateus narra que, entre outros milagres que ocorreram na paixão de Cristo, “os túmulos se abriram, os corpos de muitos santos já falecidos ressuscitaram” (27, 52). Portanto, Cristo não foi o primeiro a ressuscitar.

3. Ademais, assim como Cristo é, por sua ressurreição, a causa de nossa ressurreição, também é a causa, por sua graça, de nossa graça, conforme diz o Evangelho de João: “De sua plenitude todos nós recebemos” (1, 16). Ora, outros receberam a graça antes de Cristo, como todos os Patriarcas do Antigo Testamento. Logo, alguns também chegaram à ressurreição dos corpos antes de Cristo.

EM SENTIDO CONTRÁRIO, diz a primeira Carta aos Coríntios: “Cristo ressuscitou dos mortos, primícias dos que morreram” (15, 20), e comenta a Glosa: “Porque ressuscitou antes, no tempo e em sua dignidade”.

tomas_respondoA ressurreição é um retorno da morte para a vida. De dois modos pode alguém ficar livre da morte. Primeiro, somente da morte atual, quando alguém de algum modo começa a viver, depois de ter morrido. Segundo, quando alguém se livra não apenas da morte, mas também da necessidade e, mais ainda, da possibilidade de morrer. Essa é a verdadeira e perfeita ressurreição. De fato, enquanto alguém vive sujeito à necessidade de morrer, de certo modo a morte tem domínio sobre ele, como diz a Carta aos Romanos: “O vosso corpo, sem dúvida, está destinado à morte por causa do pecado” (8, 10). E o que tem possibilidade de existir, em certo sentido já existe, ou seja, potencialmente. É claro então que a ressurreição que livra alguém apenas da morte atual é considerada uma ressurreição imperfeita.

Falando, portanto, da ressurreição perfeita, Cristo é o primeiro a ressurgir, pois, ao ressuscitar, ele foi o primeiro a chegar à vida plenamente imortal, conforme diz a Carta aos Romanos: “Ressuscitado de entre os mortos, Cristo não morre mais” (6, 9). Falando, porém, de uma ressurreição imperfeita, alguns ressuscitaram antes de Cristo, para serem uma espécie de sinal da ressurreição dele.

É clara assim a Leia mais deste post

Tomás responde: As provas que Cristo apresentou demonstraram suficientemente a verdade de sua ressurreição?

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Pietro Perugino (1448-1523), Ressurreição

Parece que as provas que Cristo apresentou não demonstraram suficientemente a verdade de sua ressurreição:

1. Na verdade, após a ressurreição, Cristo nada mostrou aos discípulos que também os anjos, ao aparecer aos homens, ou não tenham mostrado, ou não tenham podido mostrar. Com efeito, frequentemente os anjos se mostraram com aparência humana aos homens e com eles falavam e se entretinham, com eles comiam, como se fossem realmente homens, como no episódio dos anjos que Abraão recebeu como hóspedes, ou do anjo que levou Tobias e o trouxe de volta. Ora, apesar disso, os anjos não tem um corpo verdadeiro unido a eles por natureza; o que é necessário para a ressurreição. Logo, os sinais que Cristo apresentou aos discípulos não foram suficientes para demonstrar sua ressurreição.

2. Além disso, Cristo ressuscitou de modo glorioso, ou seja, numa natureza humana com glória. Ora, Cristo mostrou algumas coisas aos discípulos que parecem contrárias à natureza humana, como o fato de desaparecer da vista deles, ou de entrar estando as portas fechadas. Outras, porém, parecem contrárias à glória, como, por exemplo, ter comido e bebido, ou continuar com as cicatrizes das feridas. Logo, parece que as provas não foram suficientes nem convenientes para o fim de demonstrar a fé na ressurreição.

3. Ademais, o corpo de Cristo depois da ressurreição era tal que não devia ser tocado pelo homem mortal; por isso, ele mesmo disse a Madalena: “Não me toques! Pois eu ainda não subi para o meu Pai”. Portanto, não foi conveniente que, para demonstrar a realidade de sua ressurreição, ele se expusesse a ser tocado pelos discípulos.

4. Ademais, entre os dotes de um corpo glorificado, a claridade parece ser o principal. Ora, Cristo, na ressurreição, não a demonstrou com prova alguma. Logo, parece que aquelas provas foram insuficientes para demonstrar a qualidade da ressurreição de Cristo.

EM SENTIDO CONTRÁRIO, Cristo, que é a Sabedoria de Deus, “com suavidade” e de modo conveniente “dispõe todas as coisas”, como diz o livro da Sabedoria (8, 1).

tomas_respondoCristo demonstrou sua ressurreição de dois modos, ou seja, pelo testemunho e pela prova, ou sinal. Ambas as demonstrações foram suficientes em seu gênero.

Para manifestar sua ressurreição aos discípulos, ele fez uso de dois testemunhos, nenhum dos quais pode ser impugnado. O primeiro é o testemunho dos anjos, que anunciaram a ressurreição às mulheres, como se vê em todos os evangelistas. O outro é o testemunho das Escrituras, que ele próprio apresentou para demonstrar sua ressurreição, como se lê no Evangelho de Lucas (24, 25-27. 44-48).

As provas também foram suficientes para demonstrar que a ressurreição era não só verdadeira como gloriosa. Quanto a ser uma verdadeira ressurreição, ele o demonstrou, de uma parte, com relação a seu corpo, considerando três aspectos. Primeiro, que era um verdadeiro corpo sólido, não um corpo fantástico ou rarefeito, como o ar. Demonstrou isso ao deixar que seu corpo fosse tocado, quando ele próprio diz “Tocai-me, olhai; um espírito não tem carne nem ossos como vós vedes que eu tenho” (Lc 24, 39). Segundo, mostrou que Leia mais deste post

Pelo fim do eco-alarmismo

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Físico do MIT clama pelo fim do “doutrinamento com doidices” do alarmismo climático

O físico da atmosfera Richard S. Lindzen, professor emérito da cátedra Alfred P. Sloan de Meteorologia no famoso Massachusetts Institute of Technology (MIT), voltou a refutar com abundante documentação os mitos catastrofistas contidos no pânico do “aquecimento global”, informou o jornal The Telegram, de Worcester, Massachusetts.

Na sua palestra, intitulada “Aquecimento Global ou Alarmismo Climático?”, ele desfez as demagógicas manchetes midiáticas que anunciam que “o mundo está chegando a seu fim”.

Isso absolutamente não está acontecendo, disse o Prof. Lindzen.

Um “aumento completamente insignificante” da temperatura global num décimo de grau centígrado constatado em 2016 serviu para o banzé midiático aterrorizar o mundo com a afirmação de que foi “o ano mais quente desde que se tem registro”.

Ele mostrou gráficos de oscilações da temperatura global acontecidas ao longo dos séculos e sublinhou que ditas oscilações são perfeitamente normais.

“A relação entre um modesto aquecimento e uma catástrofe que paira sobre nós é algo gritantemente falso”, disse Lindzen.

Ele alertou também contra o “doutrinamento das jovens gerações com doidices dessas”.

Os mares subiram de nível nos últimos 10 mil anos, a mudança climática é cí clica e natural, o aumento de CO2 por causa humana desde o início da Revolução Industrial é contestável.

Essas e outras “histerias” existem por causa de uma maliciosa “guerra pela energia” montada por propagandistas das esquerdas, que promovem “qualquer outra fonte de energia desde que não preste”.

Ele citou o — aliás, imoral — princípio de política formulado por H.L. Mencken: “Toda a arte da praxe política é manter a população alarmada e lhe prometer proteção contra uma série intérmina de espantalhos, a maioria deles fantasiosos”.

Chegou a hora de pôr um freio a todo esse alarmismo com a mudança climática, defendeu Lindzen.

O discurso do especialista pode ter parecido provocativo, considerando que falava na presença de rabinos, de um ex-diretor de pesquisas do câncer da Escola de Medicina da Universidade de Boston e de um bom número de estudantes da Universidade Clark, vários deles engajados nas posições opostas.

O rabino Chaim Fishman, por exemplo, perguntou-lhe demagogicamente para onde irão os ursos brancos quando derreterem os últimos blocos de gelo sobre os quais eles aparecem nas fotos.

O Dr. Lindzen respondeu que o número de ursos polares está crescendo tanto, que o governo canadense, ambientalista ele próprio, autorizou sua caça.

Acresce-se que eles não moram sobre os blocos de gelo, mas ficam sobre eles à espreita de suas vítimas, em geral focas e outros animais marinhos. Também são grandes nadadores predadores, que não se incomodam de andar de um iceberg a outro para devorar esses animais quando estão reunidos ou repousando.

Acresce-se ainda que os icebergs não estão desaparecendo, mas apenas derretem ciclicamente nos verões polares, sendo a objeção carente de conhecimentos básicos.

Fonte: Blog do Yuri

Até o diabo está vendo

Cristãos: os mais perseguidos em todo o Mundo

Artigo do jornal 

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Não são uma causa mediática para os meios “bem-pensantes” do politicamente correcto do Ocidente, mas os cristãos voltaram a ser em 2016 as pessoas mais perseguidas do planeta. Esmagados entre a agressividade do Islão político e a violência do comunismo ressurgente, os seguidores de Cristo por esse mundo tampouco encontram consolo e amparo no Ocidente, que ignora quase totalmente o seu sofrimento.

O centenário das aparições de Fátima aproxima-se e o mundo cristão mobiliza-se para comparecer nas celebrações. No entanto, nem nos tempos da Roma pagã ou no auge do comunismo estalinista a perseguição aos cristãos atingiu os níveis de hoje.

O recente atentado contra uma igreja no Egipto, no qual morreram 44 cristãos, é apenas mais um exemplo da perseguição constante aos milhões de fiéis que vivem fora do Ocidente. Para os cristãos que praticam a sua religião fora da Europa e da América, a Páscoa é sempre um período de ansiedade, visto que os extremistas islâmicos se habituaram a marcar a festa maior do Cristianismo com ataques sangrentos a locais de culto.

A Igreja Católica, as várias Igrejas Protestantes, as Nações Unidas e muitas organizações de acompanhamento alertam para a realidade da perseguição e violência de que são alvo os cristãos no mundo há muitos anos.

Tomás responde: A Sagrada Escritura deve se utilizar de metáforas?

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Catedral de Notre Dame, Adão, Eva e a serpente

Parece que a Sagrada Escritura não deve se utilizar de metáforas:

1. Na verdade, o que é próprio de uma doutrina bem inferior não parece convir a esta ciência, que, como já disse, ocupa o lugar mais alto. Ora, o emprego de imagens diversas e de representações sensíveis é próprio da poética, que ocupa o último lugar entre todas as ciências. Logo, não convém à ciência sagrada usar tais imagens.

2. Além disso, a doutrina sagrada parece ter por finalidade manifestar a verdade; por isso, aos que a manifestam é prometida uma recompensa: “Os que me explicam alcançarão a vida eterna”, diz a Sabedoria no livro do Eclesiástico (24, 31). Ora, tais imagens escondem a verdade. Logo, não convém a esta doutrina apresentar realidades divinas sob imagens do mundo corporal.

3. Ademais, quanto mais sublimes são algumas criaturas, mais se aproximam da semelhança com Deus. Portanto, se algo das criaturas deve ser transposto para Deus, tal transposição há de ser feita a partir das criaturas mais nobres, e não das ínfimas, o que no entanto se encontra com frequência nas Escrituras.

EM SENTIDO CONTRÁRIO, Deus diz em Oséias: “Falarei aos profetas e multiplicarei as visões, e pelos profetas falarei em parábolas” (12, 10). Ora, apresentar uma verdade mediante imagens é usar metáforas. Logo, convém à doutrina sagrada empregar metáforas.

tomas_respondoConvém à Sagrada Escritura nos transmitir as coisas divinas e espirituais mediante imagens corporais. Deus provê a tudo de acordo com a natureza de cada um. Ora, é natural ao homem elevar-se ao inteligível pelo sensível, porque todo o nosso conhecimento se origina a partir dos sentidos. É, então, conveniente que na Escritura Sagrada as realidades espirituais nos sejam transmitidas por meio de metáforas corporais. É o que diz Dionísio: “O raio da luz divina só pode refulgir para nós envolvido na diversidade dos véus sagrados”.

Além do mais, a Escritura sendo proposta geralmente a todos, segundo se diz na Carta aos Romanos: “Sou devedor… às pessoas cultas como às ignorantes” (1, 14), é-lhe conveniente apresentar as realidades espirituais mediante imagens corporais, a fim de que as pessoas simples as compreendam; elas que não estão aptas a apreender por si mesmas as realidades inteligíveis.

Quanto às objeções iniciais, portanto, deve-se dizer que: Leia mais deste post

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