Tomás responde: Deus pode mover a vontade criada?
13 fevereiro, 2012 3 Comentários
Andrea Mantegna (1431-1506), Agonia no Getsêmani (cerca de 1460)
“…contudo, não seja como eu quero, mas como tu queres!” (Mt 26,39)
♣
Parece que Deus não pode mover a vontade criada:
1. Com efeito, tudo o que é movido de fora é coagido. Ora, a vontade não pode ser coagida. Logo, não pode ser movida de fora. Desse modo, Deus não pode movê-la.
2. Além disso, Deus não pode fazer com que as contraditórias sejam verdadeiras ao mesmo tempo. Ora, isso resultaria se ele movesse a vontade, pois, ser movido voluntariamente é ser movido por si próprio e não por outro. Logo, Deus não pode mover uma vontade.
3. Ademais, o movimento é atribuído ao motor muito mais que ao que é movido, razão pela qual não se atribui o homicídio à pedra, mas àquele que a atira. Se pois Deus move a vontade, segue-se que as obras voluntárias do homem não lhe serão imputadas nem para o mérito nem para o demérito, o que é falso. Por conseguinte, Deus não move a vontade.
EM SENTIDO CONTRÁRIO, diz-se na Carta aos Filipenses: “É Deus quem opera em nós o querer e o fazer” (2,13).
Assim como o intelecto é movido pelo objeto e por aquele que deu a potência intelectiva como foi dito, assim também a vontade é movida pelo objeto, que é o bem, e por aquele que cria a potência volitiva. Ora, a vontade pode ser movida por um bem qualquer, como por um objeto, mas só Deus é capaz de movê-la de maneira suficiente e eficaz. Algo, na verdade só pode mover de maneira suficiente se sua potência ativa exceder, ou pelo menos igualar, a potência passiva do que é movido. A potência passiva da vontade abrange o bem em sua universalidade, porque seu objeto é o bem universal, assim como o objeto do intelecto é o ente universal. Ora, todo bem criado é um bem particular, só Deus é o bem universal. Daí que somente Deus preenche a vontade e a move suficientemente, como objeto.
Da mesma forma, só Deus é causa da potência volitiva. O querer, na realidade, nada mais é que certa inclinação para o Leia mais deste post
Comentários