Tomás responde: Os sacramentos são necessários à salvação humana?
30 junho, 2011 Deixe um comentário
Rogier van der Weyden, Os Sete Sacramentos (1445)
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Parece que os sacramentos não são necessários à salvação humana:
1. Com efeito, o Apóstolo diz: “O exercício corporal é de escassa utilidade”. Ora, os sacramentos implicam um exercício corporal, pois seu significado é expresso por realidades sensíveis acompanhadas de palavras. Logo, os sacramentos não são necessários à salvação humana.
2. Além disso, na Carta aos Coríntios é dito: “A minha graça te basta”. Não bastaria, se os sacramentos fossem necessários à salvação. Logo, os sacramentos não são necessários à salvação humana.
3. Ademais, se a causa é suficiente, nada mais é preciso para produzir o efeito. Ora, a paixão de Cristo é causa suficiente de nossa salvação, pois diz o Apóstolo: “Se, quando éramos inimigos de Deus, fomos reconciliados com ele pela morte do seu Filho, com muito maior razão, reconciliados, seremos salvos por sua vida”. Logo, não se requerem os sacramentos para a salvação humana.
EM SENTIDO CONTRÁRIO, Agostinho afirma: “Não se podem congregar sob nenhuma denominação religiosa, falsa ou verdadeira, se não se unem pela participação em manifestações ou sacramentos visíveis”. Ora, é necessário à salvação que os homens se reúnam sob a égide da verdadeira religião. Logo, os sacramentos são necessários à salvação humana.
Os sacramentos são necessários à salvação humana por três razões. A primeira provém da condição da natureza humana. É-lhe próprio proceder do corporal e sensível ao espiritual e inteligível. Ora, cabe à divina providência prover a cada um segundo sua condição e modo próprios. A sabedoria divina age, pois, harmoniosamente quando atribui ao homem os auxílios necessários à salvação sob os sinais corporais e sensíveis que se chamam sacramentos.
A segunda razão é tomada do estado em que de fato se encontra o homem: tendo pecado, submeteu-se às realidades corporais, pondo nelas seu afeto. Ora, aplica-se o remédio no lugar onde se sofre a doença. Era, pois, conveniente que Deus se servisse de sinais corporais para administrar ao homem um remédio espiritual que, proposto de maneira puramente espiritual, seria inacessível a seu espírito, entregue às realidades corporais.
A terceira razão se propõe, tendo em vista que a ação humana se desenvolve predominantemente no Leia mais deste post
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