Fragmentos: O homem, animal social
28 fevereiro, 2011 Deixe um comentário
Vemos, com efeito, que se certos animais têm voz ou o grito (vox), apenas o homem tem a linguagem (locutio) … A palavra humana serve para significar o que é útil e o que é nocivo e também o justo e o injusto. Justiça e injustiça consistem em que alguns se ajustam ou não em matéria de utilidade ou de nocividade. A palavra é, pois, própria aos homens porque, em comparação aos animais, lhes é próprio ter o conhecimento do bem e do mal, do justo e do injusto, e de outras realidades desse gênero que podem ser significadas pela palavra (sermo).
Uma vez que a palavra foi dada ao homem pela natureza e uma vez que ela é ordenada a permitir a “comunicação” entre os homens em matéria de utilidade e de nocividade, de justiça e de injustiça, e de outros valores semelhantes, segue-se – dado que a natureza nada faz em vão – que é natural aos homens “comunicar” entre si sobre essas realidades. Ora, é precisamente a “comunicação” nesses valores que constitui a família e a cidade; o homem é, pois, por natureza um ser doméstico e político.
(Sententia libri Politicorum I 1/b)
Se se trata de felicidade na vida presente, deve-se dizer com o Filósofo que “o homem feliz necessita de amigos”. Não para a sua utilidade, uma vez que ele se basta a si mesmo … mas para o bem de sua ação, isto é, para ter a possibilidade de lhes fazer o bem, para encontrar sua alegria no bem que eles realizam e uma colaboração no bem que ele realiza. O homem tem necessidade da colaboração de seus amigos para agir virtuosamente, tanto nas obras da vida ativa como nas da vida contemplativa.
(Suma Teológica I-II, q.4 a.8)
Tomás de Aquino, Santo Tomás, teologia
Comentários