[OFF] O niilismo (IV): A anulação dos valores e a perda dos ideais
21 agosto, 2012 Deixe um comentário
William-Adolphe Bouguereau (1825-1905), Dante e Virgílio no Inferno (1850)
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Algumas afirmações do próprio Nietzsche demonstram que a exegese de Heidegger não constitui apenas uma reflexão teórica da mensagem nietzschiana, mas um verdadeiro esclarecimento de caráter hermenêutico.
Num fragmento, que já recordamos aqui, Nietzsche afirma claramente que o niilismo consiste no fato de que “os valores supremos se desvalorizam”. Em outro fragmento, podemos ler: “o ideal foi até agora a força caluniadora do mundo e do homem propriamente dita, o sopro venenoso sobre a realidade, a grande sedução que leva ao nada…”.
Ainda em outro fragmento, intitulado Diário do niilista, esclarece-se plenamente o conceito de “ateísmo” no sentido de niilismo: “tudo existe, mas não há fins – o ateísmo como falta de ideais”.
E, por fim: “A mudança absoluta que ocorre com a negação de Deus – Não temos mais absolutamente nenhum Senhor acima de nós; o velho mundo dos valores é teológico – este é derrubado”.
Em suma, a afirmação “Deus está morto” é a fórmula emblemática do niilismo e significa que o mundo meta-sensível (o mundo metafísico) dos ideais e dos valores supremos, concebido como ser em si, como causa e como fim – ou seja, como aquilo que dá sentido a todas as coisas materiais, em geral, e à vida dos homens, em particular –, perdeu toda consistência e toda importância.
[CONTINUA]
Giovanni Reale, O Saber dos Antigos – Terapia para os tempos atuais
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